Igreja Evangélica Luterana do Brasil

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PEL Jesus Salvador de Butiá - RS

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Enxertados em Cristo. João 15. 4

Estimados irmãos e irmãs na fé em Cristo Jesus, que Deus Espírito Santo nos ilumine no meditar das suas palavras. Querida Congregação, nosso Salvador no texto deste Domingo nos traz uma imagem muito interessante, a videira e os ramos. Jesus ao utilizar destas figuras, não pretende nos ensinar a cultivar uvas, com esta simples, mais belíssima ilustração vai muito além do que imaginamos. Logo de inicio Ele nos chama a atenção, dizendo: “EU sou a videira” e “vocês são os ramos”. Esta imagem é bem intrigante, somos comparados aos ramos de uma videira e Cristo a videira em si. Jesus apresenta-se como “EU”, é verdade que o nome de Jesus não aparece neste texto, mas nós chegamos a esta conclusão a partir do versículo 13 onde Ele nos fala do Pai, que é o agricultor (quem cuida da vinha). Então podemos concluir que é o próprio Cristo quem está falando. Ainda sobre o “Eu” Jesus complementa dizendo “Eu sou...” Ele é e continuará sendo por toda a Eternidade o nosso Deus, há várias passagens que nos trazem essas palavras “Eu sou” de Jesus, onde cada uma tem um significado único e importante para nós filhos de Deus. (Ex: Eu sou o caminho, a verdade e a vida) A imagem da videira parece ser muito importante para Cristo, Ele quer ser reconhecido como a videira verdadeira, mas, por quê? No AT é demonstrada à importância deste arbusto, que poderia tanto dar frutos doces como amargos, mas, que todos conheciam muito bem. A primeira vinha da Bíblia apareceu logo após o dilúvio. Depois de construir a arca, na qual Noé sobreviveu com mais sete pessoas da sua família, Noé passou a ser agricultor. Segundo a NTLH Noé foi a primeira pessoa que fez uma plantação de uvas (Gn 9.20). Mais tarde, na terra de Israel, como descrito em 1 Reis 4. 25, ter uma parreira de uvas e uma figueira era símbolo de paz e tranquilidade. (Época do Rei Salomão). Nota-se a partir da palavra de Deus, que a videira ganhou importância religiosa no momento em que Israel, o povo de Deus, é apresentado como a vinha que foi trazida do Egito e plantada em Canaã. Deus tinha muitas expectativas em relação a esta vinha, mas, ela produziu uvas azedas. (Sl 80. 8-13). Quando Jesus nos diz que é a videira verdadeira, na verdade nos mostra que é o verdadeiro Israel, mas, Israel não era um povo? Justamente por isso que Ele se deu em sacrifício, sendo luz e salvação para todos os povos do mundo. Somente Ele poderia fazer isso. E a partir deste ponto nós entramos na história, quando Cristo fala dos ramos no plural, inclui o mundo todo: crentes e descrentes, cada ramo é individual e importante, podendo produzir uvas ou não. Um ramo não depende do outro para dar fruto, mas, somente do tronco que lhe trás a seiva (A VIDA). Aqui se destaca a importância que temos diante de Cristo, e o papel que temos ligados à videira verdadeira Jesus Cristo. A videira não depende dos ramos, os ramos não suportam e muito menos sustentam a videira. Jesus nos relembra no vs. 5: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. Somos totalmente dependentes da videira (Cristo), para vivermos e darmos frutos. Aqui a graça de Cristo se faz presente em nossas vidas. Como fazemos parte desta videira e associados desta graça, se devido ao pecado somos uma variedade de uva brava, uva do mato amarga? Pelo amor de Deus Pai, somos enxertados na videira verdadeira ( Ler Rm 11. 22-24) pelo amor de Deus passamos a ser parte do corpo de Cristo e a produzir uvas boas. (Ler Gl 5. 22-25 frutos do Espírito) Jesus nos diz que os ramos desta videira agora são ramos limpos, somos limpos pela palavra. Mas, o estar limpo é uma ação que depende de nós? Logicamente não! Aqui podemos fazer uma ligação com a palavra e o Batismo de todos os crentes, descrito em Efésios 5. 26: “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”. O batismo nos limpou, porque é promessa de Deus, a palavra do perdão nos mantem limpos diante do Pai. O Senhor ainda nos lembra de que precisamos permanecer Nele a videira verdadeira, continuarmos unidos com Ele. Conforme o vs. 7: “Se vocês ficarem unidos comigo, e as minhas palavras continuarem em vocês, vocês receberão tudo o que pedirem”. Veja querida congregação, o tronco da videira vem primeiro, somos conectados (enxertados) a Cristo por meio da Palavra e Batismo e nele permanecemos, não é um ato nosso, mas do Pai em Cristo. Se falarmos de videira e ramos, temos que se lembrar de sua limpeza, da poda e do corte, os ramos que não produzem são cortados e levados ao fogo. Desconectados da videira verdadeira Cristo, servem somente para serem queimados. O Fogo aqui nos lembra de juízo, que virá sobre vivos e mortos, sobre galhos ligados a videira verdadeira e galhos mortos e secos. Os galhos secos que não produzem são cortados e queimados, visão sombria, mas real e necessária, para nos lembrar de nossa dependência de Cristo e de seu Amor. Já os ramos que produzem, podem ter um tratamento especial diante dos improdutivos? Não, os ramos produtivos são podados por Deus Pai, para darem mais fruto. Se olharmos para a videira, esta têm seus ramos podados cerca de 5 a 6 cm longe da planta, mas, continua ligada a videira. Justamente aqui querida congregação, que Cristo nos chama a atenção para um ponto importante, a poda nos relembra a cruz de Cristo e a nossa cruz também. Não é porque estamos ligados à videira verdadeira que não iremos sofrer, este é um grande engano, sofremos devido a nossa natureza pecadora, mas, estamos firmados e enxertados no lugar certo, somos nutridos pela seiva contida na palavra e sacramentos, e Deus promete atender as orações de seus filhos e filhas em toda e qualquer situação, conforme a sua vontade, e seu tempo. “Se vocês ficarem unidos comigo, e as minhas palavras continuarem em vocês, vocês receberão tudo o que pedirem. E a natureza gloriosa do meu Pai se revela quando vocês produzem muitos frutos e assim mostram que são meus discípulos”. (Jo 15. 7-8).Em nome de Cristo a videira verdadeira e nosso Salvador. Amém.

Cremos por isso confessamos. 1 Jo 1.3

Estimados irmãos e irmãs na fé em Cristo Jesus, que Deus Espírito Santo nos ilumine no meditar das suas palavras. Querida congregação, a Epístola de hoje de certo modo ainda nos traz o gostinho da Páscoa, onde ouvimos sobre a ressurreição de Jesus Cristo, algo que conforta muito nosso coração e deveria confortar a todo mundo também, porém infelizmente isso não acontece. O apóstolo João, esta visando um problema que rondava a comunidade com a qual ele estava trabalhando, os falsos mestres que sempre rondavam o povo de Deus, iludindo e enganando com a palavra distorcida. Notamos que o interesse de João, não era confundir seus ouvintes e muito menos atacar estes falsos mestres, mas, firmar seus ouvintes em sua fé e vida cristã. João nos fala do Verbo: Cristo, o que era desde o principio. Notamos aqui a importância destas primeiras palavras da Epístola. Vemos de forma sutil o amor de Deus por toda a humanidade, pois, a palavra: “desde o princípio”, desvenda o propósito de Deus que vai de eternidade a eternidade, ou seja abraça a todos os cristãos, de todos os tempos. Deus este que nos garante a vida desde a criação do mundo, o Deus que se tornou homem como nós, para pagar na cruz por nossos pecados. O Deus que se apresentou aos três sentidos que conhecemos tão bem: audição, visão e tato. João e muitos outros servos de Cristo, como também o povo que seguia Jesus puderam ouvir a palavras da boca do próprio Cristo, sua pregação, seu amor e seus conselhos. Viram também Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que foi tentado, que chorou que teve fome, mas, que também curou a muitos somente com uma palavra. Porém a forma conclusiva da realidade do Cristo ressuscitado foi o apalpar dito por João, o Verbo realmente se fez “carne” e viveu entre os ouvintes a quem João se dirigia e que agora eram confrontados por este amor. Aqui podemos até fazer a ligação com a entrada de Jesus em Jerusalém (visão), a condenação de Cristo o “crucifica-o!” (audição) e a aparição de Jesus a seus seguidores, onde fora dito a Tomé que tocasse os seus ferimentos, para que não fosse mais incrédulo, mais crente! (tato). Este que desde o princípio é Deus, é o mesmo Deus que os apóstolos ouviram, viram e tocaram e ainda é o nosso Deus até hoje. Vemos que a manifestação da vida eterna foi proclamada ontem, hoje e sempre pelo próprio Cristo a cada um de nós, a vida eterna não é restrita a poucos, mas para o mundo todo que crer nesta mensagem. João ainda fala ao povo sobre Testemunho, ele próprio havia testemunhado o Cristo vivo, mas, o que dizer dos que não presenciaram estes fatos? Como poderão testemunhar com autoridade se não viram? Testemunhamos através do Espírito Santo que passou a fazer habitação em nós no dia de nosso batismo, temos nossa identidade cristã, somos propriedade de Deus Pai e amados por Ele, isso que nos confere autoridade para testemunhar, não algo inventado por homens, mas, que vem diretamente de Deus aos seus filhos. João também nos fala de comunhão, mas, que comunhão? Comunhão é a participação comum na graça de Deus. Temos comunhão somente em Cristo, Ele que torna possível esta comunhão, pois, veio como verdadeiro homem e verdadeiro Deus nos salvar, e ainda hoje vem através da palavra, ceia e batismo. Cristo nos coloca diretamente em comunhão, com os irmãos que já estão nos céus, quando tomamos a ceia estamos ceiando com todos os crentes que já estão na eternidade, antecipando a grande ceia nos céus. Com esta noticia nós ouvimos e anunciamos que nosso Deus é luz, luz que mantem nossos caminhos iluminados para a vida eterna, luz que ainda luta contra as trevas do pecado, do diabo de nossa natureza humana e do mundo. Luz que garante comunhão com o Pai e aponta para a vida eterna, luz que afirma a comunhão que temos no corpo e sangue de Cristo, dado na cruz em nosso favor, luz que revela a ressurreição do Filho de Deus após o 3º dia pelo poder do Pai. Se estivermos em comunhão com Cristo e com o Pai, seremos tentados a andar nas trevas e acreditar que somos perfeitos, talvez porque tomamos a ceia, participamos dos cultos, ofertamos. Cuidado querida congregação, podemos mentir e enganar a nós mesmos e ao próximo, mas, a Deus não podemos enganar, e o que está em jogo é nosso bem mais precioso, a vida eterna. As trevas diariamente estarão a nossa volta: a tristeza, a dor, a indiferença, a mentira, o abandono e a morte. Todas fazem parte de nossa realidade de pecado, mas, a própria palavra nos mostra a luz para este problema, O Salmo 32.5: “Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não te ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado.” Lembremos que sempre que pecamos temos o perdão se houver arrependimento verdadeiro, Cristo na cruz nos garantiu o perdão total de nossa divida, e nos garantiu a vida eterna em comunhão com o Pai com sua ressurreição que garante nossa ressurreição também. Parte desta verdadeira alegria descrita por João, experimentamos aqui em comunhão com os irmãos e através dos sacramentos onde Cristo vem até nós por puro amor, e a completa alegria se dará nos céus no dia em que Cristo vier, onde ressuscitarão todas as suas criaturas e serão julgar vivos e mortos para a glória de seu nome. Amém.

Nascemos de novo. João 3. 1-17.

Jesus continua sua caminhada aqui na terra, e no Evangelho deste Domingo, nos é relatado que nosso Senhor recebe uma visita que nos chama muito a atenção, Nicodemos, um homem muito importante entre os fariseus. Nicodemos conhecia Jesus e tudo o que fizera. Queria conversar com este que se denomina o Filho de Deus, mas, o procura de uma forma diferente da habitual que as pessoas usavam ao ir a Jesus. Nicodemos vai visitar Jesus à noite, mas, por quê? Talvez por causa do medo de ser repreendido por seus irmãos de fé? Talvez por medo do povo e do governo, podemos até fazer uma ligação da noite com a escuridão em que vivam os fariseus devido a não crerem em Jesus como Salvador. Porém, Nicodemos buscava algo. Ele queria uma explicação para suas dúvidas. Não sabemos ao certo do porque este fariseu foi até Jesus à noite, mas, notamos que Jesus já tinha oposição da maioria dos fariseus, e Nicodemos sabia bem o que era ir contra a lei e os costumes. Nicodemos saúda Jesus com o título Rabi, um sinal de respeito e que valia muito nesta época, tinha muito mais peso dito por um fariseu do que por qualquer discípulo de Jesus. Jesus era considerado como Mestre, mas, diante de Nicodemos isso era mais complexo ainda. Um Mestre que não passou pelas escolas dos rabinos, um Mestre que a princípio não teve instrução, mas, que sentava com os Rabinos nos templos e os ensinava, como pode ser isso? Um Mestre que veio de Nazaré, uma cidadezinha sem importância. Jesus era aclamado de Mestre pelo povo simples, os pobres, prostitutas, leprosos e excluídos. Como pode um Mestre que vem da parte de Deus agir desta forma. Nicodemos tinha aprendido que os pobres, prostitutas, leprosos e excluídos estavam nesta condição devido ao seu pecado, era um castigo que mereciam e por isso não podiam receber qualquer forma de compaixão. E esse Mestre Jesus vai até estes pecadores, tocando-os, curando-os, perdoando e ainda os amando, isso não é possível diante de tudo que um verdadeiro Mestre aprende na escola farisaica. Nicodemos age dentro da lei, procura não errar nunca, pune o pecador com o castigo, e Jesus age contrário, e ainda diz que vem da parte de Deus, fazendo milagres em nome deste Deus. Nicodemos aprendeu sobre um Deus que pune o pecador severamente, um Deus que não deixa passar sequer um pecado, e Jesus mostra um Deus amoroso que ama o pecador, um Deus que se apresenta agora diante dele em Cristo, Nicodemos fica mais atordoado diante de tais fatos. Este fariseu podia ter uma compreensão errada dos sinais e milagres feitos por Jesus, mas, reconhecia que estes milagres só poderiam ser feitos por alguém que estava acompanhado de Deus em todos os momentos. Jesus é direto em suas palavras. Diz ao fariseu que este precisa nascer de novo, para ver o reino de Deus. Analisemos algumas palavras de Jesus: nascer de novo: Jesus aqui já nos dá uma dica deste nascimento, e no que diz respeito ao ato de nascer, somos totalmente passivos, quando chega a hora simplesmente viemos ao mundo e vemos a luz pela primeira vez. É interessante este nascer de novo, se lembrarmos da escuridão dita no inicio do Evangelho, aqui Jesus começa com a instrução Nicodemos, assim como quando uma criança vem ao mundo se inicia uma nova vida, este nascer de novo (do alto) inicia uma nova vida a partir da família cristã, que faz com que este novo ser veja e faça parte do reino de Deus, já aqui e agora, isso é graça de Deus. Jesus nos mostra que o receber este reino não é nada fácil, implica em deixar uma vida regrada por um aparente cumprimento da lei que não salva, mas condena, e começar do zero (Nicodemos suas obras e seus costumes). É deixar para trás todo aquele apego a costumes e leis, é tirar totalmente nossa participação na salvação, e viver uma vida guiada pelo amor de Deus por todos os pecadores. Confiar na salvação que Cristo conquista por todos os pecadores que não merecem este amor. É aceitar um salvador que morre na cruz humildemente, pagando por nós totalmente, e isso é difícil para Nicodemos e para muitas pessoas hoje ainda. Nós simplesmente somos passivos em nosso novo nascimento, não cooperamos em nada, Deus vem até nós por amor assim como nós somos, fracos, falhos e muitas vezes incrédulos. Nicodemos se assusta com as palavras de Jesus, nada de anormal diante das palavras fortes. Como pode isso? Um velho nascer de novo, é impossível falando da visão humana. Jesus vendo que a mensagem não foi compreendida, muda à maneira de se fazer entender por amor a aquele fariseu que queria ouvir o mestre. Jesus trata agora do que Nicodemos conhecia muito bem: a Escritura. Quando Jesus diz a Nicodemos que ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito, pois quem nasce de pais humanos é um ser de natureza humana; e quem nasce do Espírito é um ser de natureza espiritual. Jesus queria fazer Nicodemos se lembrar do AT, para que ele recordasse que Deus havia prometido fazer exatamente isso ao povo de Israel: “Borrifarei água limpa sobre vocês e os purificarei de todos os seus ídolos e de todas as coisas nojentas que vocês têm feito. Eu lhes darei um coração novo e porei em vocês um espírito novo. Tirarei de vocês o coração de pedra, desobediente e lhes darei um coração bondoso, obediente. Porei o meu Espírito dentro de vocês. (Ezequiel 36. 25-27 NTLH). Este Espírito é o Espírito do próprio Deus, que agora estava sendo apresentado novamente a Nicodemos em carne e osso, fazendo com que Nicodemos tivesse uma mudança de pensamento e visse Deus por meio de Cristo. Jesus insistia que houvesse esse nascer de novo, pois, somente assim pela união de fé com Cristo, participa da sua morte e sepultamento, e ressuscita com Ele para uma nova vida. Conforme as palavras de Jesus: nós nascemos de pais humanos e temos cidadania terrena, mas, que agora é preciso nascer de novo (do alto) mudar de pensamento deixar de lado nossa capacidade ou sabedoria, se apegar a Deus e a seu amor em Cristo, e não a obras e a lei que condena a todos nós. Só é possível crer neste nascer de novo, e se apegar ao amor de Deus por meio do Espírito Santo, que nos torna cidadãos celestes, fazendo parte da família da fé, nos tornando propriedade do Pai e amados novamente por Ele. Quando Jesus fala a Nicodemos sobre o vento que sopra onde quer, Ele nos mostra que o Espírito Santo não é guiado por homens e muito menos por seus interesses, logo a atuação do Espírito no coração humano não pode ser vista, mas, seus efeitos são bem evidentes, a prova era a vida que os fariseus levavam, algo que não era condizente com o novo nascimento, que enxerga um Deus amoroso, que perdoa sempre, e a todos! Nicodemos fica mais atordoado com estas palavras. Jesus até o repreende: O senhor é professor do povo de Israel e não entende isso? Talvez era de se esperar que Nicodemos pelo seu conhecimento entendesse tais palavras, mas, não aconteceu isso. Infelizmente Nicodemos não enxergava que ao Jesus ir de encontro aos excluídos, mostrava sua missão aqui na terra, de amar e salvar a todos. Enfatizando principalmente para os fariseus, que para terem a participação no reino de Deus e a vida no mundo vindouro só podiam obtê-las passando pelo novo nascimento. Assim como os pecadores por causa dos seus pecados estavam sob o juízo e condenação de Deus, assim também Nicodemos e seus colegas estavam sob o mesmo juízo de Deus. Porque todos são igualmente pecadores. A religião de Nicodemos não queria reconhecer que é Deus que nos protege do pecado e de pecar. Portanto todos estão mortos indistintamente, todos precisam nascer de novo conforme as palavras do próprio Cristo. E o que dá a vida é o toque de Jesus a palavra e perdão. Portanto cabe aos que não pecam acolher os pecadores em gratidão a Deus, pela justiça e dignidade que Ele concede. Todas as vezes que viemos ao culto morremos quando confessamos nossos pecados, e nascemos de novo quando ganhamos o perdão de todos os nossos pecados. Jesus pregava tudo isso assim como seus seguidores, e muitos não criam nestas palavras principalmente os fariseus, Jesus é a palavra viva, mas, nem vendo criam Nele, “Se não creem em coisas terrenas, imaginem em coisas celestiais!”. Jesus quando fala de coisas terrenas Ele se refere ao Batismo, onde temos o meio visível à água e a palavra que contém o Espírito, ou ainda a ceia onde temos o pão e o vinho elementos visíveis, que consagrados são corpo e sangue que juntamente com a palavra, fortalecem a fé e perdoam pecados. Já as coisas celestes, faladas pelo Senhor não encontramos aqui, Jesus precisou vir até nós e se tornam um de nós, e revelá-las na sua morte e ressurreição, somos dependentes desta revelação. A graça vem do alto a cada ceia, a cada batismo e a cada culto onde Deus perdoa nossos pecados. É a junção do terreno com o celeste para servir a nós pecadores, e nos mostrar como agir aqui e agora diante de nosso próximo. Nicodemos agora é confrontado com algo que ele conhece, a passagem dos israelitas no deserto que foram atacados por “serpentes abrasadoras” onde muitos que foram picados morreram. (Nm 21.8) Moisés ao colocar a serpente na haste, nos traz a memória à figura de Cristo que foi levantado na cruz, que era tanto visão de espanto (visão do mundo e dos fariseus, por exemplo) como de glória e salvação (nos que creem no perdão e salvação dados ali). A serpente em si não curava e nem dava vida, mas, sim o olhar que se apega em fé a graça de Deus. Vemos claramente aqui a presença de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espirito Santo em todo esse processo do nascer de novo. Temos o fechamento do Evangelho e a explanação de Jesus a Nicodemos no vs. 17: “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas, tenha a vida eterna.” Vejam que o melhor que Deus tinha para dar Ele nos deu. Ele não mostrou somente Cristo para nós, e disse (olhem para Ele na cruz) creiam nele como salvador e vocês serão salvos, Ele foi mandado ao mundo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, para morrer e sofrer em nosso lugar, para que morrêssemos com Ele e nascêssemos de novo para a vida eterna. Alegrem-se irmãos e irmãs, pois, podemos ver esse Deus amoroso como muitas pessoas não o podem ver, conhecemos a transformação que o batismo causou em nossas vidas, vemos e vivemos em parte o reino de Deus aqui e agora, pois, o Espírito de Deus habita em nós, ceamos com os irmãos da fé que também vivem em novidade de vida, fortalecendo nossa fé e recebendo o perdão de nossos pecados a cada final de semana. Vivam plenamente essa nova vida que Deus lhes deu, em amor a todos que os rodeiam, pois, ela se completará quando estivermos face a face com nosso Senhor e Salvador no reino celeste. Assim cremos, pregamos e vivemos até a segunda vinda de Cristo. Amém.

Motivados pelo amor a semear. Marcos 4. 26-34.

Jesus continua ensinando o povo e seus discípulos sobre o Reino de Deus e seus mistérios, que são revelados no próprio Cristo que esta diante deles, se mostrando através de sua vida, ensino e obra redentora.Jesus mais uma vez se utiliza da imagem da semente e da agricultura, justamente para encorajar aqueles que o seguiam, a continuar semeando a palavra libertadora, lembrando que nem sempre o resultado do nosso semear é visível. O evangelho inicia falando do semeador: “Jesus disse: — O Reino de Deus é como um homem que joga a semente na terra”. Não temos a continuação do Evangelho nos explicando a analise do solo, mas, sim no que acontece quando o semeador está de folga. Depois de semear, o homem dorme e não se preocupa com a semente plantada. Ele sabe que a terra produz o grão “por si mesma”. Exemplificando, ele deixa isso para Deus, que opera por meios desconhecidos pelo semeador. O semeador sabe que a colheita demorará, mas, com certeza virá. Podemos perceber que nessa parábola nos é trazida a realidade do dia derradeiro, quando Cristo voltará para a colheita. O reino está presente tanto na semente quanto na colheita. Agora é um embrião (ele está presente na pessoa de Cristo e seu ministério), depois será a espiga cheia; é oculto agora, mas será plenamente manifestado para que todos os olhos o vejam, no dia do juízo final onde haverá a grande colheita de bons e maus. Parece que Jesus quer encorajar tanto os que o rodeavam como a nós hoje também. Infelizmente às vezes desanimamos diante de tantos problemas e não temos a “paciência do agricultor” dita por Cristo. Jesus deseja que continuemos semeando sua palavra, orando pelos que amamos e confiantes que a colheita virá. Pois, o próprio Cristo nos garante que faremos parte dos colhidos aos céus. Olhando agora para a segunda parábola, temos que ter em mente primeiro o contexto em que estas duas parábolas foram contadas, o povo de Deus estava sob o domínio do império romano, e aguardavam ansiosamente que se cumprissem as profecias e que o salvador os libertasse do cativeiro romano. Só que esperavam um salvador um pouco diferente de Cristo, alguém que tomasse mão de armas e trouxesse um Reino de poder e fartura, diferente da vida sofrida que os filhos de Deus levavam. Eis que o Salvador vem, como que uma semente de mostarda pequena e quase invisível nascendo humildemente em uma estrebaria em meio a animais, filho de um carpinteiro e de uma moça simples, mas que mostrava seu poder falando com autoridade aos rabinos nos templos. Este mesmo salvador começa a buscar discípulos, chama pescadores que não tinham uma fama muito boa, publicanos cobradores de impostos, pessoas que não eram bem vistas pelo povo, esse Jesus os queria como semeadores do Reino. Eles o seguem, sem saber bem ao certo o que seria este pescar homens que o Senhor fala e iniciam seu discipulado junto de Cristo, semeando a palavra a todos os que os rodeavam. Se olharmos para como o povo vivia, era de se esperar que eles quisessem que os romanos fossem vencidos por um grande rei e salvador, mas, que age contrário à lógica humana, na humildade que Jesus mostrava quem Ele era realmente. Difícil acreditar que um salvador que queria servir, ao contrário de ser servido pudesse libertar o povo, afinal que tipo de Rei é este? Jesus está nos lembrando a não nos deixarmos levar pelas aparências, Deus age na contramão da lógica humana, morte trás vida, os servos serão servidos, os que choram sorrirão nos céus. O reino dos homens é cheio de pompa e luxo, de força e poder, o reino de Deus de amor e respeito ao próximo, do servir sempre e não o ser servido. Fazer parte deste Reino é agir diferente do mundo, pois, como cantamos no hino do hinário luterano: “Estamos no mundo, mas, dele não somos, aqui nós vivemos distantes do lar. A nossa morada de paz se reveste, a pátria celeste é o nosso lugar...”. Este reino continua sendo insignificante diante de alguns, que ridicularizam e zombam dos cristãos e de Jesus Cristo, mas, temos que continuar firmes a semear, pois, onde a palavra é lançada o Espirito Santo a faz germinar nos corações, assim como o sol e a chuva fazem a semente apodrecer, e romper a casca e o solo que a envolve trazendo vida a uma nova planta. Assim a palavra de Cristo mostra que a visão total do Reino de Deus se aproxima, e atinge novos corações a cada novo dia onde sua palavra é pregada e os sacramentos administrados entre os crentes. O grão de mostarda nos relembra, que o Reino de Deus não pode ser medido ou pesado por nossas medidas, e muito menos afirmado e controlado por nós seres humanos falhos. Os cristianismo é objeto constante de estudo, pesquisas tentam desacreditar a bíblia e a vida e obra de Cristo pela humanidade, sem dizer da criação do mundo e tantas outras barbaridades que vão contra as sagradas escrituras, distorcendo o que nos é mostrado por Deus na sua palavra. Mas o reino está ai firme, nos mantemos na fé, única e exclusivamente pela graça divina, e muitos ainda são acrescentados à família cristã, trazidos pelo Espírito Santo a confiar no Deus que confiamos. Posso estar falando agora a um irmão ou irmã, que enfrenta uma dificuldade que parece impossível de ser vencida, um problema que parece estar fora até da solução Divina. Mas, assim como Cristo suportou tudo em nosso lugar, foi crucificado, morreu, mas ressuscitou no terceiro dia, mostrando a todo o mundo que Ele é o Filho de Deus, e que veio para dar sentido completo a esse Reino. Você não está sozinho na sua luta, podemos estar à sombra da cruz sim, devido ao nosso pecado e com nossos problemas e dificuldades, mas Cristo está junto de nós nos conduzindo com sua mão amorosa, a cada tombo que levamos nos levantando. Cristo veio para nos mostrar que assim como a semente de mostarda insignificante, pequenina, cresce e se torna a maior das hortaliças, chegando a ceder seus galhos como sombra e abrigo para todos os pássaros e animais. Deus Pai em Cristo e em seu sacrifício em nosso lugar nos ampara sobre seus braços, não nos deixando perecer sozinhos em nossas aflições e pecados. Se você se acha insignificante e esquecido por todos ou as pessoas o fazem pensar assim, lembre-se que Cristo mesmo sendo humilde e morrendo na cruz para servir a um mundo que não merecia, nos mostrou que esse amor é endereçado a todos nós pecadores, que fazemos parte deste reino aqui e na eternidade. Todos estamos debaixo desta frondosa árvore que é Deus Pai, sendo confortados, protegidos, curados e amados, aguardando a consumação da colheita que se aproxima, para vivermos em plena alegria com nossos amados que já partiram, todos fazemos parte deste reino, quem nos garante é o próprio Senhor. Amém.