Igreja Evangélica Luterana do Brasil

Igreja Evangélica Luterana do Brasil
PEL Jesus Salvador de Butiá - RS

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Do uso das duas espécies no Sacramento XXII CA



Na ceia do Senhor dão-se aos leigos as duas espécies do sacramento, porque este uso tem mandamento do Senhor. Mt 26: “Bebei dele todos”. Aqui, Cristo, manifestamente, preceituou, a respeito do cálice, que todos bebam.
E, para evitar que alguém pudesse questionar e distorcer essas palavras, dizendo que isso se refere somente aos sacerdotes. Paulo, em Coríntios, cita um exemplo do qual se torna evidente que a igreja toda fez uso de ambas as espécies.
E, por longo tempo, continuou esse uso na igreja, não se sabendo, quando ou por quem foi aprovado. Os próprios bispos da Igreja Católica afirmavam que se dava as duas espécies na ceia, Cipriano e são Jerônimo.
O próprio Papa Gelásio ordena que não se divida o sacramento. O que nos dizem as palavras do próprio Cristo sobre a Ceia?
Mateus 26. 26-28
O que dizer então sobre a retenção de uma das espécies da santa ceia?
1 Coríntios 11. 24-28.
Primeiro se diz quanto ao corpo: “Fazei isto”.
Depois se repete as mesmas palavras com respeito ao cálice.
Vs. 28: use-as juntamente. Arrogância humana e distorção da palavra de Deus: 1 Samuel 2. 30-36.
Distorção da palavra por parte dos homens, para dizer que se deve dar somente uma espécie. Afirmam que os leigos devem se contentar com uma parte ou espécie da santa ceia. Distorcem a passagem de 1 Samuel (castigo aos filhos de Eli), como se por castigo os leigos não pudessem receber ambas espécies da ceia do Senhor.
Por acaso a ceia não foi instituída para consolar e erguer os corações aterrorizados, quando crêem que a carne juntamente com o sangue de Cristo, Dada para a vida do mundo é alimento, quando crêem que eles, unidos a Cristo, são tornados vivos novamente.
A igreja detentora da lei perseguia violentamente os que fossem contrários a uma espécie somente aos leigos. Porém, se esquece da lei divina, Ezequiel 7. 26-27.
O homem não tem poder contra a vontade de Deus.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Artigo XXI Do culto aos santos (Confissões)

Do culto aos santos ensinam que se pode lembrar a memória dos santos a fim de lhes imitarmos a fé e as boas obras de acordo com a vocação, Assim como o Imperador pode imitar o exemplo de Davi em fazer guerra, para impedir que os turcos invadam a pátria. Pois um e outro são reis.
A Escritura, porém, não ensina que invoquemos os santos ou peçamos auxílio deles, porque nos propõe um só, Cristo, como mediador, propiciador, sumo sacerdote e intercessor. É a Ele que se deve invocar, e Ele prometeu que haveria de ouvir nossas preces. E esse culto, aprova-se muitíssimo, a saber, que seja invocado em todas as

aflições. Em 1 João 2. 1-2 diz o seguinte: “Porém, se alguém pecar, temos Jesus Cristo, que faz o que é correto; ele nos defende diante do Pai. É por meio do próprio Jesus Cristo que os nossos pecados são perdoados...”
Nossa Confissão aprova Honras para os santos.
Ação de Graças: exemplos de misericórdia, cada um com seu dom serve a Deus em favor dos homens.
Confirmação de nossa fé: perdão concedido a Pedro por negar a Cristo (Rm 5. 20) graça cobre todo e qualquer pecado.
Imitar na fé e nas virtudes, cada um com sua vocação. Não estamos transferindo a honra de Cristo aos santos! Só os temos como exemplos de fé e virtudes. Não são “mediadores de redenção”
Como deve ser o propiciador de nossos pecados?
Deus ouve os que invocam por meio desse propiciador?
João 16.23 (Cristo) Não há promessa semelhante aos santos.
Há mandamento para invocar os santos? Mateus 11. 28
Há esperança da vida eterna nos santos? 2 Tessalonicenses 2.16-17.
Os méritos dos santos pagam por nossos pecados? Romanos 9. 33. Livro de Concórdia pg 247.
Nossa confiança e certeza da salvação devem ser postas unicamente em Cristo, porque Deus Pai nos prometeu um intercessor que iria pagar por nossos pecados, e que nos torna justos diante de Deus Pai.
João 14:6 Jesus respondeu: —Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O amor é o mais importante.




Evangelho de Mateus 22. 34-46
Jesus continua sua caminhada e sua obra aqui na terra, e o descontentamento ainda aflora entre os que não conseguiam entender e aceitar a sua mensagem.
Após várias investidas dos acusadores de Jesus, novamente os fariseus voltam a experimentar a teologia de Jesus e sua paciência, enviam um conhecedor da lei que logo lança sua pergunta: “Mestre, qual é o mais importante de todos os mandamentos da Lei? A dúvida que estava entre os fariseus era em qual dos 613 mandamentos propostos pelos “rabinos” era o maior?
Jesus responde: “Ouve Israel! O maior mandamento da Lei é o que vem em primeiro lugar na Lei, e se acha em Deuteronômio 6. 5 (Vamos ler, está na pg. 125).
Vamos analisar algumas palavras deste importante versículo: coração: representa as nossas afeições e afetos mais íntimos lá que habita a nossa fé, Alma: é o princípio vital, a sede e fonte da personalidade e da vontade de Deus em nossas vidas. Mente (conhecimento): razão, intelecto, podemos compreender ou explicar tudo o que vêm e que é de Deus? Não! Mas o espírito Santo através da fé nos faz aceitar o amor de Deus dado a nós diariamente.
O que vemos com tudo isso? Este mandamento estabelece que Deus deve ser amado sem reservas e com toda as forças que temos: coração, alma e entendimento. É possível amar a Deus assim? Pela nossa capacidade humana não, mas, aqui mais uma vez a graça de Deus entra em cena o que confessamos no terceiro artigo do Credo Apostólico?
Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a Ele. Mas o Espírito Santo me chamou pelo evangelho, iluminou com seus dons, santificou e conservou na verdadeira fé...
Esta capacidade de amar a Deus com todo o nosso ser, não parte de nós, é dom, presente dado por Deus no dia do nosso batismo, onde o Espírito Santo de Deus é implantado em nós, nos tornando de criaturas afastadas de Deus, a seus filhos amados e perdoados por Deus através de Cristo na cruz.
Cristo continua a nos falar do amor verdadeiro, a primeira parte do Evangelho que fala dos mandamentos ou a 1ª tábua dos deveres trata do nosso amor a Deus, a segunda parte do Evangelho ou a 2ª tábua trata do nosso amor ao próximo, temos que ter em mente que as duas são ligadas fazem parte de toda a lei de Deus dada a Moisés descrito em Dt 6.
Quando uma pessoa está unida em amor a Deus, este amor vencerá e enfrentará sem medo todos os obstáculos e irá de encontro as necessidades e anseios do próximo, assim a vontade de Deus será feita em nossas vidas.
Jesus vendo a oportunidade que tinha diante de si de tocar com o Evangelho em corações endurecidos pela falsa sensação de serem cumpridores de lei e costumes humanos pergunta aos fariseus: “O que vocês pensam sobre o Messias? De quem ele é descendente? Jesus sabia qual seria a resposta dos fariseus, pois, da resposta a esta pergunta, depende a capacidade de responder corretamente a todas as outras questões que dizem respeito a salvação.
Jesus aqui dá a oportunidade aos seus perseguidores para que mudassem a sua atitude de rejeição para outra de fé na salvação que seria conquistada para eles também.
Qual o lema da nossa igreja?
 A igreja comunica a vida, vida para os fariseus também.
 Acolhendo e integrando, Jesus acolhe e integra os fariseus apesar de toda a maldade que existia em seus corações, O Messias queria integrar essas ovelhas desgarradas ao rebanho celestial.
 O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas, o que Jesus fez no alto da cruz, por acaso não foi pelos fariseus também?
Os fariseus tinham um conceito errado sobre o Messias, imaginavam que o Salvador seria um guerreiro que lançaria mão de espada e armas de guerra, que teria um infinito exercito poderoso e que entraria em Jerusalém montado em um cavalo branco com sua armadura resplandecente.
E aqui Jesus os faz pensar quando cita o Salmo 110.1: que se o próprio Davi, num inspirado pronunciamento fala do Messias como Senhor, então o Messias tem de ser mais que descendente físico de Davi.
Em outras palavras, Jesus tem descendência humana, mas primeiramente Divina, pois, o Filho de Davi é o Filho de Deus. Imaginem a expressão nos rostos dos fariseus diante destas palavras, experimentaram o sentimento maravilhoso e incomodo de quem escuta a voz de Deus e, por um momento perceberam o próprio rosto de Deus neste homem que é seu Filho querido.
Por isso, se calaram e as tentativas para pegá-lo em alguma blasfêmia são deixadas de lado, entretanto, o silêncio da descrença não significa aceitação, mas, o Espírito Santo certamente começava a germinar naqueles corações duros pela lei e pela falta da graça e do amor de Cristo.
Amém.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Convite Irrecusável! Mateus 11. 28-29



Vocês gostam de ser convidados? De serem lembrados, de fazerem parte da história de alguém? Certamente todos nós gostamos de sermos convidados, isso nos faz sentir bem, e não há pecado nenhum nisso. Mas que tipo de convites recebemos diariamente? Para irmos a festas e nos divertirmos, ou convites para irmos a festas e fazer o que bem entendemos com nosso corpo e com o corpo do próximo (a). O mundo tenta os filhos (as) de Deus diariamente, fazendo “convites” que a primeira vista parecem inocentes e cheios de bondade, mas são lobos em pele de cordeiro, nos desviam do caminho do Senhor e nos fazem cair em tentação e pecar.
Convite irrecusável!
Cristo nos convida conforme as palavras do Evangelista Mateus: Venham a mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso. Sejam meus seguidores e aprendam comigo porque eu sou bondoso e tenho um coração humilde; e vocês encontrarão descanso. Os deveres que eu exijo de vocês são fáceis, e a carga que eu ponho sobre vocês é leve. (Mateus 11. 28-29 NTLH).
O que dizer deste convite? O que nós podemos dizer de um convite feito pelo próprio Cristo? Aceito, recuso? De que descanso Cristo fala? Do descanso do corpo? Da correria do dia a dia, acredito que não. E o que dizer sobre os deveres que Deus exige de nós, que deveres são esses? Eles são fáceis, e a carga que Deus coloca sobre nós quanto pesa.
Com toda certeza esse é um dos melhores convites que apareceram em toda a nossa vida aqui na terra. Cristo chama a cada um de nós pelo nome, quando vem até nós através da palavra e da santa ceia, há melhor convite que esse.
Todos os nossos pecados pagos na cruz, todo o peso que cairia sobre nossos ombros, e aqueles pregos que eram para ser nossos cravados em Cristo, Ele nos livrou da condenação eterna e pagou com seu sangue. Cristo pagou por nós na cruz e nos convida para que nos apropriemos dessa benção em todas as oportunidades que temos como hoje de ouvir a sua palavra e alimentarmos a nossa fé. Aceitemos esse convite, pois ele é único e intransferível e não tem data de validade, e garante a vida eterna.

Promessa é divida. João 7. 37-39



Quem de nós nunca prometeu algo, para nossos filhos, esposa, marido, patrão ou para os irmãos da igreja e não pode cumprir? Certamente todos nós já desapontamos pessoas por não cumprirmos com o prometido. Prometemos aos nossos filhos aquele brinquedo que ele tanto quer, e não damos por falta de dinheiro ou por esquecimento, prometemos para nossa esposa ser mais atenciosos com as roupas pelo chão e com as coisas fora do lugar, e falhamos.
Isso faz parte de nossa natureza pecadora herdada de Adão e Eva, prometemos e não cumprimos, e quando cumprimos ainda corremos o risco de acreditarmos que é por nossa própria vontade ou força, “Como sou bom”.
Jesus Cristo pelo contrário promete matar a nossa sede, mas não a sede que nosso corpo tem, mas sim a sede espiritual da palavra de Deus do consolo que encontramos nela, conforme as palavras de Deus no Evangelho de João 7. 37-38: “Naquele dia Jesus se pôs e pé e disse bem alto: Se Alguem tem sede, venha a mim e beba. Como dizem as Escrituras Sagradas: “Rios de água viva vão jorrar do coração de quem crê em mim” Jesus estava falando a respeito do Espirito Santo, que aqueles que criam nele iriam receber. Essas pessoas não tinham recebido o Espírito porque Jesus ainda não havia voltado para a presença gloriosa de Deus.
Cristo nos promete um auxiliador e nós o recebemos na ascensão (subida) de Cristo aos céus. A água mata a nossa sede física, mas a palavra de Deus unida com o Espírito Santo que habita em nós, matam a nossa sede espiritual, fortalecem a nossa fé e nos mantêm vivos nesse mundo onde só nos oferecem o alimento carnal, deixando de lado a necessidade de alimentar a nossa fé.Onde podemos encontrar o alimento para a nossa fé, e refrescarmos o nosso espírito atribulado devido ao pecado? Palavra e sacramentos (casa de Deus).

Somos Amargos. Isaías 5. 1-7



Comumente tendemos a rejeitar a afirmação “somos miseráveis pecadores”, excluindo os que a usam. O incrível é que a Bíblia a usa e Deus nos mostra que de fato somos naturalmente “miseráveis pecadores”, somos parreiras que só dão uvas azedas. O profeta Isaías mostra isso quando de forma poética descreve a dedicação e o cuidado de Deus com a parreira que ele planta numa encosta de solo fértil, apropriado e de maneira artística. “O meu amigo fez essa plantação num lugar onde a terra era boa. Ele cavou o chão, tirou as pedras e plantou as melhores mudas de uva.”(Isaías 5.1b-2a NTLH)
O desejo de quem planta as parreiras é fazer uma boa colheita, para isso foi o investimento: (Ler Isaías 5.2 NTLH) Todo amor, cuidado e dedicação é para que colher uvas doces, mas qual não é a surpresa?!! “Fiz por ela tudo o que podia; então, por que produziu uvas azedas em vez das uvas doces que eu esperava?” (Isaías 5.4 NTLH) Como as parreiras não produziram as uvas esperadas o viticultor vai destruí-las: (Ler Isaías 5.5-6 NTLH) Este é o destino das parreiras que produziram uvas azedas, “dos miseráveis pecadores’. Mas a pergunta fica no ar... por que somos miseráveis pecadores? “A plantação de uvas do SENHOR Todo-Poderoso, as parreiras de que ele tanto gosta são o povo de Israel e o povo de Judá. Deus esperava que eles obedecessem à sua lei, mas ele os viu cometendo crimes de morte; esperava que fizessem o que é direito, mas só ouviu as suas vítimas gritando por socorro.” (Isaías 5.7 NTLH) Somos miseráveis pecadores por que somos parreiras de uvas azedas, temos nossa natureza pecadora e carecemos da misericórdia de Deus que nos alcança independentemente de qualquer coisa, para nos transformar e fazer com produzamos uvas doces. Deus não desiste de nós nunca. Amém.

Devoção 1 Tessalonicenses 1. 1-10 Igrejas queimadas, fé não!

Igreja Queimada, mas a fé não!
Todos nós conhecemos igrejas ou participamos dos cultos de alguma igreja. A IELB têm uma revista de circulação mensal chamada Mensageiro, que trouxe a seguinte matéria: Igrejas Queimadas na terra da Reforma.
O artigo nos fala sobre a Igreja de Dresden a (igreja de nossa senhora), onde é relatada a beleza da mesma, e a resistência a várias investidas durante a guerra, porém no dia 13 de fevereiro de 1945 durante um bombardeio a cidade, fora totalmente destruída, trazendo abaixo uma estrutura enorme com uma cúpula de 90 metros de altura por 40 de diâmetro.
Mas então nos perguntamos que ligação este acontecimento lá na Alemanha tem a ver com o nosso texto vamos ler os vs. 2-3. Temos palavras importantes no nosso texto, que certamente foram lembradas e ditas pelas pessoas que participavam dos cultos nesta igreja queimada: oração, pedir em favor, lembrar da presença de Deus Pai, esperança em Jesus Cristo.
Viram como esta história tem a ver com as passagens que lemos hoje. Vemos que a certeza da presença de Deus entre o seu povo da o alívio e a ajuda que precisamos para continuar seja em meio a guerra as doenças ou a dor.
O povo poderia ter abandonado, mas não, continuaram a lutar e reergueram novamente a igreja de 1993 á 2005, com ajuda de várias pessoas espalhadas pela Alemanha e pelo mundo. Vemos que não são as pessoas que mantêm a igreja, nem seus antepassados, igualmente não serão os que nos sucederão. Quem manteve, mantém e manterá a igreja é unicamente este que disse: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. Entreguemos nossos caminhos e nossas vidas nas mãos do nosso Criador. Amém.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Estudo sobre o Salmo 146. 3-4

Em que confiar?
Quem de nós nunca se decepcionou com algo? Com uma promessa não cumprida, com um “não” quando mais precisávamos. Todos nós já passamos por isso, ou vamos passar. A palavra de Deus nos diz exatamente isso, em quem devemos confiar e o que esperar das pessoas, no Salmo 146. 3-4 diz o seguinte: “Não ponham a sua confiança em pessoas importantes, nem confiem em seres humanos, pois eles são mortais e não podem ajudar ninguém. Quando eles morrem, voltam para o pó da terra, e naquele dia todos os seus planos se acabam.”
O que dizer diante dessa afirmação da palavra de Deus?
Não podemos mais confiar em ninguém? Tudo está perdido? Não, Deus está nos mostrando como nós somos seres humanos falhos e imperfeitos, e totalmente dependentes da sua bondade e misericórdia. Deus nos mostra através do salmista, como nossa vida aqui na terra é breve e passageira. Se as pessoas nos decepcionam, não devemos odiá-las e virar-lhes as costas, devemos perdoá-las, pois, elas estão fazendo o que é de sua natureza, e nós certamente as vezes fazemos o mesmo. Porém mesmo assim Deus nos salvou por amor.
Conta-se uma história Um mestre oriental que viu que o escorpião estava se afogando decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez, o escorpião o picou. Pela reação de dor, o mestre o soltou e o animal caiu de novo na água e estava se afogando de novo. O mestre tentou tirá-lo novamente e novamente o animal o picou. Alguém que estava observando se aproximou do mestre e lhe disse: "Desculpa-me, mas você é teimoso! Não entende que todas as vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo?"O mestre respondeu: "A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a minha que é ajudar”. Então, com a ajuda de uma folha o mestre tirou o escorpião da água e salvou sua vida.
Nós somos como o escorpião, nossa natureza nos leva a pecar, e magoar os que nos rodeam, mas, Cristo nos mostra que ainda estamos neste mundo, e Ele quer que amemos o nosso proximo, como Ele nos ama, incondicionalmente, sem rotular, julgar, e pesar quantas faltas que nosso proximo faz. Amemos e confiemos assim como Deus nos Ama e confia nossas vidas em Cristo. Amém.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Em Jesus amigo temos - Jean Regina

Deus, meu Senhor - Jean Regina

Podemos viver uma vida agradável diante de Deus?

Então... Agradar, essa palavra tira o sono de muita gente e já tirou o meu também. Temos várias pessoas das quais devemos agradar umas por amor (família) outras por obrigação (trabalho, sociedade). Mas quem não gosta de ser agradado que atire a primeira pedra.
O mundo prega o amor próprio, onde o importante sou “Eu” o outro que se vire a máquina chamada sociedade produz um tipo de lixo diferente (Lixo humano) já ouviram dizer? O que é isso? Aqueles que não se adéquam a esse molde estão fora, são descartados.
E na igreja estimados irmãos é diferente? Aquelas pessoas que não nos agradam, e não são cristãos puros e exemplares como nós (lembram do fariseu?) são empurrados para os últimos bancos da igreja, quando não pra fora da igreja e de nossos olhos.
Todos nós gostamos de ser agradados, isso é bom e faz bem para nossa auto-estima e para nossa saúde, Deus se alegra com o nosso bem estar. Gostarmos de sermos amados e agradados é pecado? Não! Deus quer que suas criaturas sejam felizes e se amem assim como ele nos ama. (opa aqui o assunto muda)
Nossa natureza pecadora permite isso? Vamos ser sinceros, é fácil agradar os outros? A família até que é possível, mas os estranhos, os irmãos na igreja, o patrão, o empregado? Tentamos sim, mas como o fariseu que batia no peito e dizia “olhe Deus como sou um homem bom..., cuidado este caminho não tem volta.
Ou na pior das hipóteses quando tentamos agradar as pessoas, e estas não reconhecem esbravejamos: “Se Cristo que era o Filho de Deus não conseguiu agradar todo mundo imagine eu!” Essa é nossa muleta, para erguermos um muro que nos separa do mundo e do próximo? Cristo realmente não agradou todo mundo, mas, nem por isso deixou de nos amar e de morrer na cruz por nós, não é? Não sejamos hipócritas.
"O poder de Deus nos tem dado tudo o que precisamos para viver uma vida que agrada a ele, por meio do conhecimento que temos daquele que nos chamou para tomar parte na sua própria glória e bondade." (2 Pe 1.3).
A Epístola de Hoje nos diz que Cristo vem até nós, através do Seu poder e do seu amor, nos tornando parte da Sua glória e bondade, Cristo mesmo sem agradar a todos morre na cruz para nos dar parte da sua glória e nos achegar a Deus Pai, ainda conserva nosso corpo, bens, família e nos concede tudo para levarmos uma vida que agrade a Ele.
Deus nos ensina através da Palavra como podemos levar uma vida agradável, sadia e cristã. Deus nos mostra em Cristo na cruz como nos tornamos Filhos amados novamente, morremos com Cristo pelos nossos pecados, e fomos ressuscitados com Ele ganhando nova vida, vida esta que agrada a Deus.
Cristo é o caminho a verdade e a vida, e ninguém pode agradar a Deus se não tomar parte na sua morte de cruz pelos nossos pecados, não podemos chegar a Deus sem Cristo ao nosso lado. E viver uma vida de acordo com a Palavra agradando a Deus, é uma dádiva e não fardo, fomos salvos e livrados da morte eterna, vejam que consolo.
Deus quer que tenhamos uma vida correta e santificada, e para isso Ele nos traz uma pequena lista de virtudes, que devem fazer parte da vida do cristão como o ar que respiramos: "Por isso mesmo façam todo o possível para juntar a bondade à fé que vocês têm. À bondade juntem o conhecimento e ao conhecimento, o domínio próprio. Ao domínio próprio juntem a perseverança e à perseverança, a devoção a Deus. A essa devoção juntem a amizade cristã e à amizade cristã juntem o amor." (2 Pe 1. 5-7).
A primeira virtude é a bondade que caminha de mãos dadas com a fé, fé esta que é nossa resposta e aceitação que por meio da morte de Cristo, fomos tornados justos diante de Deus, a fé é a base de todas as outras virtudes que apontam para Cristo. E como suprimos nossa fé em Deus e na obra de Cristo? Através do Conhecimento, conhecimento de que? De Cristo (ler vs 3 parte conhecimento) e das Sagradas Escrituras, este conhecimento não é das coisas do mundo, conhecimento humano, mas sim um conhecimento de Deus de sua vontade, da palavra e dos sacramentos.
E esse conhecimento junta-se com o domínio próprio, e por quê? Agora que conhecemos a vontade de Deus, e também conhecemos o bem e mal, estamos instruídos em como dominar nossos desejos, mas que desejos são estes? Nossa carne? A gula? A bebida? (TODOS) devemos dominá-los a luz das sagradas escrituras.
E aqui atrelado e ligado ao domínio próprio está à perseverança, a perseverança nos traz tranqüilidade, pois, se temos o domínio próprio sob os olhos de Deus, por mais dificuldades que estejamos enfrentando, ou por maior que seja a provação a entrega é total, Deus está conosco. (Rm 5. 1-3 Ler).
E junto com a perseverança vem a Devoção a Deus, que nos capacita a aceitarmos que foi Deus que nos chamou, por intermédio de Cristo e nos salvou da morte eterna, Ele que faz que suportemos todas as dificuldades, e em meio a tudo isso possamos olhar para o amor demonstrado por Cristo (Hb 12. 2-3).
E concluindo estas virtudes temos a Amizade Cristã e o Amor, estas duas andam juntas, pois, é da vontade de nosso Pai que amemos o nosso próximo como a nós mesmos. Aceitando-o como ele é, com falhas, dúvidas e medos assim como nós somos e sem distinção fomos aceitos por Deus. (“Nós amamos porque Deus nos amou primeiro”. 1 João 4:19).
Deus nos capacita a amarmos e a termos uma vida sadia que o agrade e que testemunhe esse amor que Ele tem por nós. Todas essas virtudes não são produzidas pela fé, elas são uma dádiva de Deus, fazem parte de nossas vidas que foram conquistadas lá na cruz, e agora não temos mais desculpas para não falar do amor que provamos todos os dias e que é dado por Deus.
E a epístola de hoje nos diz exatamente isso no vs 8-9 ,
Conhecemos Cristo e seu amor por cada um de nós, somos fortalecidos e perdoados através do batismo da ceia e da pregação da palavra, fomos comprados pelo sangue na cruz.
Temos que brilhar como uma estrela, mostrar ao mundo e ao próximo todo esse amor que temos em Cristo, somos salvos perdoados e aperfeiçoados por Ele, e esse presente maravilhoso não pode ficar guardado conosco deve ser repartido, pra que mais e mais pessoas conheçam esse amor.
Por isso vivamos uma vida que agrada a Deus, em nome Cristo. Amém.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A música em Lutero como instrumento Pedagógico







INTRODUÇÃO
A “Reforma da música em Lutero como instrumento pedagógico” pretende enfatizar o poder da música como ferramenta de ensino. Utilizar a música no ensino é algo bastante antigo. Paulo já tinha conhecimento quando admoesta os colossenses dizendo: “Habite ricamente em vós a palavra de Cristo; instrui-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações”.
O trabalho se divide em três capítulos. No primeiro será analisada a importância que a música desempenhou tanto na formação de Lutero como em sua vida diária, e que levou a Lutero a reformar a parte da missa dentro do culto.
No capítulo dois Lutero reforça a importância da educação tanto de jovens quanto crianças nas universidades e escolas, através também da música.
E no capitulo três será trazida a importância da música sacra atualmente, tanto no conteúdo que esta carrega a Lei e Evangelho, como na identidade que a mesma atribui aos cristãos de todas as épocas.

1 LUTERO E A MÚSICA
1.1 QUAL O SIGNIFICADO DA MÚSICA PARA LUTERO
Paul Henry Lang apontou que Lutero pode ter sido ou deixado de ser qualquer coisa, mas não foi um “diletante” em música.
No centro do novo movimento musical que acompanhou a Reforma encontra-se a proeminente figura de Martim Lutero. Ele ocupa essa posição não por causa de seu papel de liderança no movimento protestante, e nada é mais injusto do que considerá-lo como uma espécie de entusiástico e bem- intencionado diletante. O derradeiro destino da música protestante alemã dependeu deste homem, o qual, em seu tempo de estudante na cidade de Eisenach, cantando todos os tipos de canções juvenis, e como sacerdote familiarizado com o gradual e as missas polifônicas e motetos, vivia com música soando em seus ouvidos.
Lutero defendia a música como uma maravilhosa dádiva Divina para ser usada no louvor e na pregação da sua palavra. Dentre todos os reformadores protestantes de seu tempo, Martinho Lutero foi o que mais incentivou o uso da música para o crescimento da vida cristã e no culto da igreja .
No prefácio à obra Symphoniae iucundae de Jorge Rhau (1538), temos mais um dos relatos de Lutero pelo seu apreço pela música:
A música é uma esplêndida dádiva de Deus e eu gostaria de exaltá-la com todo o meu coração e recomendá-la a todos. Mas eu estou tão dominado pela diversidade e magnitude de suas virtudes e benefícios que (...), por
mais que eu queira exaltá-la, minha exaltação será insuficiente e inadequada (...). Se queres confortar os tristes, aterrorizar os felizes, encorajar os desesperados, tornar humildes os orgulhosos, acalmar os inquietos ou tranqüilizar os que estão tomados por ódio (...) que meio mais efetivo do que a música poderias encontrar?
Diferente de Calvino, que restringiu o uso da música, e de Zwínglio, que a baniu completamente do culto comunitário, Lutero concedeu à música – ao lado da teologia – o mais alto patamar. “Somente uma coisa podemos mencionar (e que a experiência confirma): depois da palavra de Deus, a música merece o mais alto louvor.”
A visão e o gosto de Lutero pela música e pela liturgia mudaram e influenciaram muitos a sua volta. Firmemente ancorado em uma liturgia histórica da tradição católica ocidental, Lutero, devido a sua experiência no campo da música, imediatamente percebeu o extremo poder que a música exercia no coração e nas mentes de seus ouvintes.
A partir desta perspectiva, Lutero encorajou o ensino e a execução tanto nas formas de arte musicais mais sofisticadas de seu tempo – o canto gregoriano e a polifonia – como de simples hinos comunitários. Devido à tradição Renascentista latina seguida na vida sacerdotal no monastério levou a igreja a desenvolver uma sofisticada forma artística com pouca ou nenhuma música da qual o povo pudesse participar.
Calvino, ao contrário de Lutero, excluiu toda e qualquer forma de música artística no culto público, permitindo somente a salmodia comunitária. Em contraste a essas duas tradições e práticas, Lutero e a tradição reformada luterana encorajaram e fomentaram na vida cristã e no culto a Deus uma junção entre a mais sofisticada forma musical e o mais simples dos cantos comunitários. O resultado foi o nascimento e crescimento de uma rica e profunda tradição em música da igreja.
1.2
Formação musical de Lutero
Lutero nasceu na cidade de Eisleben, Alemanha, em 10 de novembro de 1483, cresceu em uma família pobre, mas apegada a palavra de Deus. Ele era muito estimado em casa e ligado a seu pai, Hans, com o qual orava antes de dormir. Sua mãe Margarethe também era muito piedosa. Uma pequena canção, a qual Lutero recorda ouvir de sua mãe cantando, é a única evidência que temos de música em sua casa na infância. Lutero relembra um trecho da pequena cantiga entoada por sua mãe: “Se as pessoas não gostam de você e de mim, o erro é nosso, sim”.
Temos poucos relatos da infância de Lutero no quesito música que é assunto deste trabalho. Porém, conforme os programas da época, com o seu ingresso na escola iniciam-se uma íntima relação com a música tanto dentro como fora da igreja, relação esta que começou a formar suas atitudes pessoais. Devemos agradecer a essa experiência que Lutero teve nas escolas que passou, pois, devido a ela foi iniciada a rota que a música tomaria dentro das igrejas da Reforma Luterana.
No verão de 1484, a família de Lutero mudou-se para Mansfeld, uma cidade localizada em uma área muito próspera no campo da mineração e agricultura. A região era caracterizada por “morros, colinas, florestas e prados, em uma colorida e complexa imagem de vida rural” (BAINTON apud SCHALK, p. 11). Foi ali que Lutero inicia sua educação formal.
Não sabemos ao certo a idade com que Lutero ingressa na escola de Mansfeld, escola esta que ensinava quatro coisas: ler, escrever, cantar e latim. Lutero aprendeu com maior perfeição duas coisas: latim e cantar. A tarefa dos estudantes era a seguinte:
Requeriam exercícios religiosos diários; como meninos cantores dos coros, desempenhavam importante papel em procissões e festivais religiosos, que eram extremamente apreciados na Alta Idade Média e ofereciam muitas oportunidades para apresentações musicais. Um espírito vibrante como o do jovem Lutero não somente recebeu treinamento nas técnicas da música, as quais mais tarde lhe foram tão importantes, mas também guardou em seu intimo muitas das frases e imagens da litania solene do serviço cultural medieval, que eram entoadas nos Salmos e hinos, em versículos e responsórios, e as quais, mais tarde, lhe foram tão úteis.
Conforme Gustav Just, a disciplina tanto no lar de Lutero como na escola era muito rígida o que leva o autor a citar o seguinte:
Um desses professores que tratam seus alunos como carcereiros e carrascos tratam ladrões. Certa vez, Lutero foi castigado quinze vezes com uma vara durante uma manhã. Tal disciplina tão tirânica somente poderia infundir timidez e respeito no seu ânimo e no de seus colegas.
O ensino religioso que Lutero e os demais alunos recebiam, igualmente contribuía para intimidar e assustar a estes. Segundo, Gustav Just o que se ensinava nessas aulas era pouco mais que superstição e idolatria papistas.
Mas, também na noite de Natal, se cantava nas igrejas: “Jesus menino hoje nasceu”. Porém, em vez da grande mensagem de alegria: “Hoje vos nasceu o Salvador”, pregava-se na escola o fogo e os tormentos do inferno.
Lutero aprendeu ainda a liturgia católica pela participação nas procissões festivas. Os estudantes eram treinados em todos os ofícios religiosos, regulares ou especiais, celebrados durante o ano eclesiástico.
Além disso, também eram ensinados os rudimentos da teoria da música, estudando a entonação dos Salmos em conjunto com elementos de iniciação musical, tudo isso liderado por uma pessoa com formação litúrgico-musical especializada e especialmente designada de conduzir as atividades musicais. Pela manhã, as aulas iniciavam com orações e cânticos. Durante o dia, as aulas eram intercaladas algumas vezes com minutos de oração e uma canção. Materiais e métodos usados nas escolas tinham o objetivo de preparar bons católicos.
Por volta do ano de 1497, o jovem Martinho, agora com quatorze anos de idade, foi enviado à cidade de Magdeburgo para continuar os estudos. Porém não temos muito material a respeito do breve período de seus estudos ali, nem mesmo a escola específica que ele freqüentou. No entanto, como apontado por Bainton:
Cada cidade na qual Lutero foi para estudar estava cheia de igrejas e monastérios. Em todos os lugares encontrava-se sempre o mesmo: campanários, torres de igrejas, claustros, sacerdotes, monges das várias ordens, coleção de relíquias, badalar de sinos, anúncio de indulgências, procissões religiosas, curas em lugares santificados .
Para termos idéia da situação em que Lutero se encontrava em Magdeburgo, Gustav Just diz o seguinte:
Um dia em Magdeburgo, Lutero foi acometido de uma febre alta, que o deixou extenuado. Apesar de sentir muita sede, não lhe era permitido beber água. Quando, porém, numa sexta-feira, todos os seus companheiros de quarto estavam na igreja, e a sede se tornara insuportável, ele se arrastou até a cozinha, onde havia um pote com água fresca. Com ambas as mãos, levou o pote à boca, esgotando-o com sofreguidão. Voltando ao quarto caiu num sono profundo e, quando acordou, a febre tinha desaparecido.
Neste relato podemos ter idéia de como era o ensino na época em que Lutero estudou em Magdeburgo, o que após um ano de carência de recursos obrigou-o a abandonar os seus estudos em Magdeburgo.
Então Lutero volta para a casa de seus pais por um curto período de tempo, e matricula-se no colégio de Eisenach, lugar este que também não ofereceu uma vida diferente da que vivia em Magdeburgo.
Sendo que para sobreviver Lutero orava e cantava em frente às casas de pessoas ricas. ““ Os donativos assim recebidos, eram chamados de “sobras de mesa”. “Sendo que mais tarde Lutero comenta este período de sua vida: Também fui um destes esmoleiros que recebia pão da caridade diante das casas, principalmente em Eisenach, minha querida cidade” (JUST, 2003, p. 44.)
Lutero ainda ingressa na Faculdade de Erfurt no ano de 1501, onde iniciou seus estudos sob a supervisão de seu amigo, o doutor Trutvetter. Lutero graças ao zelo de seu pai não passou por nenhuma dificuldade financeira em Erfurt sendo que este elogia a seu pai: “Com todo o amor e fieldade ele me manteve na universidade e, por meio de seu suor e trabalho árduo, me ajudou para que eu pudesse concluir meus estudos superiores”. (JUST, 2003, p. 46.)
No ano de 1505 uma tempestade enfrentada no seu retorno a Erfurt, leva Lutero a mais um passo em sua vida acadêmica, a se tornar monge, que clama a Santa Ana o seguinte:
“Ajuda-me, querida Santa Ana, e eu te prometo que, logo a seguir, me tornarei um monge!” Pois só assim ele achava que poderia reconciliar-se com Deus e encontrar a tão desejada paz para a sua alma.
Após um curto período de tempo no convento Lutero é chamado para lecionar em Wittenberg no ano de 1508, pois, o príncipe Frederico da Saxônia havia fundado a Universidade de Wittenberg e ordena a Staupitz que selecione homens sábios e capazes para integrar a congregação de professores. (JUST, 2003, p. 53).
Algo muito importante acontece e que daria um rumo a reforma que seria feita também na área da música, quando Lutero é enviado a Roma para tratar dos assuntos do convento, Just cita o seguinte nas próprias palavras de Lutero:

“Também eu fui, em Roma, um desses beatos alucinados. Corria todas as igrejas e catacumbas e acreditava em tudo o que ali se inventa e se trama. Naquela ocasião, lastimei muito que meu pai e minha mãe ainda estivessem vivos, pois eu teria gostado imensamente se pudesse libertá-los do fogo do purgatório com minhas missas, obras meritórias e muitas orações”.
Lutero ficou profundamente indignado ao ver como os padres (...) rezavam as suas missas de forma rápida e mecânica (...) A respeito disso, Lutero assim se expressou: “Antes de eu chegar à leitura do Evangelho, já o meu cooficiante tinha concluído a sua missa e gritava para mim: ‘Vamos! Apressa-te! Termina tudo de uma vez!’”
Pode-se concluir que esta visita de Lutero a Roma teve grande importância, pois, somente agora ele via com seus próprios olhos como realmente era tratada a Palavra de Deus, o que leva Lutero a afirmar o seguinte sobre Roma:
“Ninguém acredita o que em Roma existe de maldade, de pecado e de vergonha abomináveis. Só é possível alguém se convencer de que lá existe tamanha perversidade, se ele mesmo a vir, ouvir e experimentar.
Aqui se inicia o movimento que desencadeará a reforma de Lutero, pois, agora que o reformador viu com seus próprios olhos como era tratada a fé dos crentes, seu dinheiro ou ofertas, e principalmente o culto a Deus seu modo de pensar não se enquadra mais no estilo papista.
1.3 A música dentro da missa antes e depois da reforma
Na igreja apostólica e pós-apostólica, os cristãos aproveitaram os cânticos hebraicos que tradicionalmente se usavam nos serviços do templo, nas sinagogas e nos lares israelitas. Os judeus que se convertiam ao cristianismo, devido ao seu conservadorismo continuavam a utilizar os salmos como vinham fazendo até então.
Desta maneira no culto cristão permaneceram muitos elementos do culto antigo, muitos trechos litúrgicos. Com o decorrer do tempo foram surgindo novos cânticos e hinos, tendo os salmos por modelo, os quais vieram a aumentar o tesouro hinológico da jovem igreja. Estes hinos não traziam consigo somente todas as lutas
dos primeiros cristãos como também lhes davam forças e ânimo para que permanecessem fiéis. Diz Tiago 5:13 nas Escrituras Sagradas: “Esta alguém alegre? Cante louvores.”
Pelo que parece também o modo de cantar dos primeiros cristãos judeus era derivado de seus costumes e da sua arte de interpretação musical das Sagradas Escrituras. Cantava-se em uníssono, em uma voz apenas, homens, mulheres e crianças.
Segundo Wadewitz em seu artigo na Revista Igreja Luterana ao falar do patrimônio musical que abrange tanto hinos como cânticos, que têm passado de geração em geração desde a igreja antiga, tendo maiores mudanças na reforma continuou a crescer, tomando lugar especial no coração dos crentes em geral.
A princípio estes tesouros musicais nasceram para serem usados no culto, porém tomaram tamanha proporção que invadiram os lares e as escolas, adentrando assim na vida das famílias cristãs, tornando-se assim, quase que involuntariamente, fonte de instrução e de confissão de fé, bem como fonte de conforto, de edificação e de alegria. Para todos os acontecimentos da vida havia hinos para assinalá-los, desde o berço até o túmulo.
No período que antecedeu a reforma sabemos que o canto nas congregações era executado somente pelos clérigos e meninos que compunham o coro. Sabe-se também que havia mais uma dificuldade no que diz respeito á música, que era o latim a língua oficial na missa, então a população mal entendia as palavras que ouvia na missa, ou não entendia nada.
Porém surge uma novidade diante dessa realidade, Lutero entra em cena trazendo a Reforma no campo da musica congregacional, Lutero começa a valorizar
a participação da comunidade no canto congregacional dando assim a este força. “A adoração agora não se restringia apenas aos clérigos e meninos do coro, mas era a própria assembléia dos fiéis que devia cantar seus hinos em louvor a Deus, e isso, em sua querida língua materna”.
Lutero purificou o culto da missa, porque havia sido até o momento feito o sacrifício diário de Cristo na missa. Mas, segundo a Epístola aos Hebreus, Cristo se ofereceu uma única vez a fim de perdoar nossos pecados para sempre.
Tudo o que havia sido acrescentado como inovação ou invenção humana, à Ceia do Senhor ele o aboliu, “se escandalizasse quem quisesse”. Restituiu o cálice aos fiéis e substituiu a língua latina nos atos religiosos pela vernácula, compreendida pelo povo. No dia 29 de Outubro de 1525 foi realizado o primeiro culto na igreja do paço em Wittenberg totalmente em vernáculo, obedecendo à nova ordem evangélica. No mesmo ano foi publicada a nova ordem de culto. Desde então o povo vem podendo falar com Deus na sua própria língua nos seus cultos. A congregação passou a tomar parte ativa e preponderante nos cultos públicos. A Igreja reviveu.
Podemos dizer também que Lutero ao mesmo tempo foi bastante conservador em relação à tradição musical, conservando uma série de modelos antigos de cânticos e hinos litúrgicos, sempre tendo em mente o pensamento que “retemos o que é bom” .
Lutero também valorizou muito a música contemporânea, que se pode notar nas referências que ele faz a músicos contemporâneos de seu meio. Ao apreciar a música contemporânea Lutero lamenta que a música secular tenha cantos e poemas muito bonitos enquanto a música sacra contenha “muita coisa pobre e fria”

1.4 A música um dom de Deus
Desde os tempos antigos a música tinha papel essencial na vida dos cristãos e dentro do culto a Deus.
O homem religioso, cheio de admiração diante de seu Deus, sentindo-se protegido por Ele ou repleto de seu poder dedica-se assim ao louvor. Ele teme e treme diante da santidade divina, esta ao mesmo tempo o fascina e atrai. A santidade move o crente a louvar fazendo com que seus lábios pronunciem hinos de adoração.
No Antigo Testamento temos relatos a respeito do Culto e adoração a Deus. No livro de Gênesis temos referências a respeito de culto com Abraão, Isaque e Jacó, que construíram altares a Deus e o adoraram conforme encontramos em Gênesis 12.7-8:
Ali o Senhor apareceu a Abrão e disse: Eu vou dar esta terra aos seus descendentes. Naquele lugar Abrão construiu um altar a Deus, o SENHOR, pois ali o SENHOR havia aparecido a ele. (v.8): Depois disso Abrão foi para a região montanhosa que fica a leste da cidade de Betel e ali armou o seu acampamento. Betel ficava a oeste do acampamento, e a cidade de Ai ficava a leste. Também nesse lugar Abrão construiu um altar e adorou o SENHOR.
Em Gênesis 13.2-4:
Abrão era muito rico; tinha gado, prata e ouro. (v.3): Ele foi de um lugar para outro até chegar à cidade de Betel; e dali foi para o lugar que fica entre Betel e Ai, onde já havia acampado antes. (v.4): Abrão chegou ao altar que ele havia construído e adorou a Deus, o SENHOR.
E em Gênesis 26.25:
Isaque construiu um altar ali e adorou a Deus, o SENHOR. Ele armou as suas barracas naquele lugar, e ali os seus empregados cavaram outro poço.
Ao analisarmos estas passagens bíblicas podemos dizer que eram ritos de certa forma primitivos, ou pequenas cerimônias litúrgicas, e o chefe da família desempenhava as funções sacerdotais.
Nos dois primeiros mandamentos dados por Deus a Moisés no Monte Sinai (Ex 20. 1-6), há esclarecimento de como deveria ser a adoração para o povo judeu, que tinha acabado de ser liberto da escravidão do Egito e que estava iniciando a sua caminhada rumo à terra prometida. Deus ordena que o povo não se apegue a outros deuses e que fosse fiél a Ele, não adorando imagem alguma, não tomando o Seu nome em vão e santificando o dia de sábado para o culto e descanso.
Estas passagens nos mostram como o culto e adoração a Deus eram levados a sério e considerados sem sombra de dúvida como dadas por Deus ao ser humano, para que este, através de seu louvor e adoração, se achegasse diante do Deus Generoso.
Em Lutero a música e adoração são vistas como dom de Deus, sendo assim tratadas com todo o respeito que merecem, descritas pelo próprio Lutero no prefácio para a Symphoniae iucundae, de George Rhau onde diz:
Certamente eu gostaria de honrar a música com todo o meu coração como esplêndida dádiva de Deus, o que ela é de fato, e recomendá-la a todos (...)
E você, jovem amigo, que essa nobre, benéfica e agradável criação de Deus lhe seja confiada (...). Ao mesmo tempo habitue-se, através dessa criação, a reconhecer e a louvar o Criador.
Lutero entende que o canto agradou a Deus. No “Prefácio ao hinário Wittenberguense de 1524” ele escreve:

No meu entender, nenhum cristão ignora que o canto de hinos sacros seja bom e agradável a Deus, uma vez que todo mundo tem não apenas o exemplo dos profetas e reis no Antigo Testamento (que louvaram a Deus cantando e tocando, com versos e toda a espécie de música de corda), mas este costume, particularmente no tocante aos salmos, é conhecido da cristandade em geral desde o começo. O próprio S. Paulo o instituiu em 1 Co 14[26] e ordena aos colossenses que cantem com vontade ao Senhor hinos sacros e salmos, para que desta maneira a Palavra de Deus e a doutrina cristã sejam propagadas e exercitadas das mais diversas maneiras.
Lutero não via nenhum problema em utilizar melodias conhecidas pelo povo, pelo contrário estas melodias serviam como molas propulsoras para os hinos criados e adaptados por ele. Lutero diz que juntamente com outros compositores da época daria o início a este movimento na área da musica e liturgia, e motiva aqueles que poderiam fazer este trabalho melhor. “Reuni alguns hinos sacros a fim de propagar e dar impulso ao santo Evangelho que ora voltou a brotar pela graça de Deus.”
Lutero cita a passagem bíblica de Ex 15. 1-18 onde Moisés entoou um cântico dizendo que Deus é nosso louvor e canto. Relembra que nada saibamos cantar nem dizer senão a Jesus Cristo nosso Salvador, o que justamente é este reconhecer que nada somos e podemos fazer diante de Deus para o louvar e agradecer por suas bênçãos sobre nós. Se o louvamos e prestamos culto é somente pela sua ajuda.
Lutero também lembra que os hinos que foram arranjados a quatro vozes, foram justamente compilados porque estes visavam à juventude e o aprendizado da mesma, que estavam sendo levados pelas canções de amor e cantos carnais, então através destes hinos os jovens aprenderiam algo de proveitoso, sadio e que seria bem assimilado por eles. Enfatiza que gostaria que todas as artes, particularmente a
música, estivessem a serviço daquele que as concedeu e criou. Por isso ele pede que todo cristão de valor receba isto de bom grado e ajude a promovê-lo.
1.5 Lutero e o hinário
Lutero vê a realidade que estava enfrentando no campo da música e resolve publicar o primeiro hinário. Ele já vinha compondo hinos que inicialmente foram publicados em folhas avulsas. E logo mais, devido a seu uso, requereu-se a junção dos mesmos, dando origem ao hinário para o coro, que primeiramente visava o ensino da comunidade. (Dreher, Obras Selecionadas – Martinho Lutero – v7. pg. 480). A respeito de Lutero e o Hinário, comenta Martin N. Dreher:
Em 1524, seria publicado o Geistliches Gesangbüchlein ( Pequeno Hinário Espiritual), para o qual Lutero escreveu o primeiro prefácio. A parte musical ficou a cargo de Johann Walter. Eram 32 hinos alemães e cinco latinos. Em Wittenberg também foi publicado o Achtliederbuch (Hinário de oito hinos), uma coletânea dos mais antigos hinos de Lutero. Em Erfurt foram publicados dois Enquirídios, cadernos com notas, cada um dos quais contendo 25 hinos. Em breve, outras localidades publicarariam hinários.
A cristandade em geral tem em muito que agradecer a Lutero pela reforma e apreço que este depositou para com a música e a liturgia. Compôs hinos e cânticos de louvor, desde os mais elaborados até àqueles que as crianças podem cantar.
Lutero se preocupou com a falta de participação da comunidade. Na execução dos cânticos na missa, pois, como citado nas páginas anteriores somente os clérigos e os meninos do coro entoavam os hinos em latim, a língua que o povo não dominava, e havia apenas poucas canções em língua alemã para que a comunidade cantasse.

Devido a essa preocupação com a falta da participação do povo na missa e no canto, Lutero em seu escrito sobre a “Missa Alemã e Ordem do Culto,” datado de 1526, relata que não gostaria de deixar de lado a língua latina no uso dentro do culto. Ele sabia da importância que a língua latina tinha para o aprendizado do povo da época, e ele gostaria também que a mensagem fosse pregada em grego, hebraico, alemão e latim. Se houvesse o devido domínio destas línguas poderiam se criar novos cantos e melodias nestas línguas e também educar os jovens e as demais pessoas para que pudessem ser úteis a Cristo e falar com outras pessoas também em outras línguas. (DREHER., pg. 179. 2000). O que leva Lutero a fazer a seguinte afirmação:
Não foi assim que o Espírito Santo procedeu no início. Ele não esperou até que todo mundo viesse a Jerusalém e aprendesse hebraico, mas concedeu toda espécie de línguas para o ministério da pregação, de modo que os apóstolos pudessem falar aonde quer que chegassem. Este exemplo é que prefiro seguir; além disso, é conveniente exercitar a juventude em muitas línguas. Quem sabe como Deus irá usá-la com o tempo? Para isso é que existem escolas.
Mas Lutero sabe da realidade da maioria do povo, que só entendia o vernáculo. Por isso organiza a Missa Alemã:
Em segundo lugar, existe a missa ou culto alemão, objeto do presente escrito, e que deve ser regulamentado por causa dos leigos sem instrução. É preciso que estas duas formas [a missa latina e a missa alemã] sejam reconhecidas e praticadas, para que sejam celebradas publicamente nas igrejas perante o povo todo, no meio do qual há muitos que ainda não crêem ou não são cristãos.
Lutero escreveu vários hinos e prefácios para Hinários. Serão destacados apenas alguns, o primeiro denominado: “Vós Crentes, todos Exultai”

1. Vós crentes todos exultai! Contentes nos mostremos Louvando o que de nosso Pai sem paga recebemos enaltecendo o Benfeitor e seu gracioso, eterno amor,Ao qual a paz devemos.
2. Cativo fui de Satanás e a morte condenado;E noite e dia andei sem paz Por causa do pecado. E cada vez caía mais,Sem me poder erguer jamais Daquele triste estado. [Ef 2.12].

3. Nas minhas obras sem valor,Nenhum proveito havia;Por natureza, um malfeitor,Odiando a Deus me via.O medo, então, me fez sofrer E, em desespero, compreender Que ao fogo eterno iria. [Rm 3.20]

4. Ao Filho eterno disse o Pai É tempo de piedade.Salvar meu povo, agora, vai,
Revela a caridade.Ajuda-o para o mal vencer,Esmaga a morte e faze-o ser Feliz na eternidade.
Neste hino, pode-se observar-se claramente a doutrina da justificação pela fé, conforme expressa por John Theodore Mueller:
De acordo com os ensinamentos expressos das Sagradas Escrituras, o crente é justificado somente pela fé (sola fide), sem as obras da Lei. (Rm 3. 28; 4.5; Fp 3.9) A Escritura afirma essa verdade e atribui a justificação diretamente à fé. (Rm 3.21-24) Exclui qualquer obra do ser humano como causa meritória da justificação. (Rm 3.27) A Escritura declara, de modo enfático, que todo aquele que pretende justificar-se pelas obras está debaixo da maldição. (Gl 3.10).
O segundo hino a ser analisado é o que se denomina: “Estes são os santos dez mandamentos”, que data por volta de 1524. E segundo Martin Dreher, era uma tradição na época medieval se pregar sobre os Dez Mandamentos na época da
paixão. Lutero deu continuidade a essa tradição. A finalidade destes era fazer com que o povo aprendesse os Dez Mandamentos com facilidade. Segue um trecho do hino:

1. Estes são os dez mandamentos Os quais nos deu nosso Senhor Deus Por m eio de Moisés, seu fiel servidor, no alto do monte Sinai.Kyrioleis.

2. Somente eu sou teu Deus, o Senhor,Deves confiar-te totalmente a mim. Amar-me do fundo do coração.Kyrioleis.

3. Não usarás para desonra
O nome de Deus, teu Senhor,
Não elogiarás como certo ou bom
Senão o que o próprio Deus diz e faz.
Kyrioleis.

4. Santificarás o sétimo dia,
Para que tu e tua casa possam descansar.
Deixarás teus afazeres,
Para que Deus possa realizar sua obra em ti.
Kyrioleis.

5. Honrarás e obedecerás
A teu pai e a tua mãe.
Servir-lhes-ás sempre que estiver a teu alcance,
E terás vida longa.
Kyrioleis.

6. Não matarás raivoso,
Nem odiarás, nem vingar-te-ás a ti mesmo,
Terás paciência e ânimo manso
E farás o bem também ao inimigo.
Kyrioleis.

7. Manterás puro o teu matrimônio
Que também teu coração não busque outro,
E mantenhas casta a tua vida
Com boa disciplina e moderação.
Kyrioleis.

8. Não furtarás dinheiro nem bens,
Não explorarás o suor e sangue de ninguém.
Deves abrir a tua mão generosamente
Para os pobres na tua terra.



Kyrioleis.


9. Não deves ser testemunha falsa,
Nem mentir para teu próximo.
Deves também salvar a inocência dele
E encobrir sua desonra.
Kyrioleis.

10. A mulher e casa de teu próximo
Não desejarás, nem qualquer propriedade sua.
Hás de desejar-lhe todo o bem,
Como o faz teu coração contigo mesmo.
Kyrioleis.

11. Todos esses mandamentos nos foram dados
Para que o teu pecado, ó filho do homem,
Reconheças e aprendas bem
Como se deve viver diante de Deus.
Kyrioleis.

12. Para tal nos ajude o Senhor Jesus Cristo,
Que se tornou nosso Mediador.
Afinal, o nosso esforço é vão,
Só merecemos a ira.
Kyrioleis.

Os dez mandamentos para o cristão são ferramenta importante de ensino, pois, lá está toda a vontade de Deus e sua lei. Lutero sabia da grande importância dos mesmos para todos os crentes, por isso os transforma em hino. Assim sua compreensão e ensino seriam mais rapidamente difundidos, pois a música é um forte aliado para o ensino da Palavra de Deus.
O próximo hino a ser analisado é: “Agora pedimos ao Espírito Santo” que Lutero sugeriu que poderia ser cantado em sepultamentos. Foi composto numa época muito difícil: os camponeses estavam inquietos e os entusiastas estavam promovendo sua doutrina.

1. Agora pedimos ao Espírito Santo
Principalmente a verdadeira fé,
Para que nos guarde no fim da vida.
Quando voltarmos deste desterro para o lar. Kyrioles.

2. Luz preciosa concede-nos tua claridade,
Ensina-nos a conhecer somente a Jesus Cristo,
Que fiquemos nele, o fiel Salvador
Que nos trouxe para a verdadeira pátria. Kyrioles.

3. O doce amor, concede-nos teu favor,
Faze-nos sentir o ardor do amor,
Que sinceramente nos amemos uns aos outros
E em paz permaneçamos em unanimidade. Kyrioleis.

4. Ó supremo Consolador em toda a aflição,
Dá que não temamos a infância nem a morte,
Que nosso ânimo não desespere,
Sob a ameaça de morte. Kyrioleis.

A letra deste hino nos mostra nossa dependência de Cristo, nos relembra o quão fracos somos, e que o nosso fim é certo, pois, não somos deste mundo, aqui estamos só de passagem. Ela também nos mostra que, se temos vida, devemo-la totalmente a Cristo. E que quando o inimigo nos acusar sob ameaça de morte não nos desesperemos, pois Cristo está conosco.
E provável que este próximo hino a ser analisado, denominado “Nós cremos todos num só Deus”, tenha sido escrito por volta de 1526 em Wittenberg, com o propósito de ser usado no Domingo da Trindade, para ser cantado como forma de confissão de fé. Em 1542, Lutero o inclui entre os hinos a serem cantados nos sepultamentos. Este hino matinha o velho estilo gregoriano dos credos latinos cantados.
Segue a letra deste hino que é uma confissão de fé:

1. Nós cremos todos num só Deus,
Criador do céu e da terra,
Que se fez Pai,
Para que nos tornemos seus filhos.
Ele quer alimentar-nos sempre
E também preservar o corpo e a alma;
Quer impedir toda a desgraça.
Que nenhum mal nos aconteça.
Ele cuida de nós, guarda e vigia,
Tudo depende de seu poder.

2. Cremos também em Jesus Cristo,
Seu Filho e nosso Senhor,
Que está eternamente junto ao Pai,
Deus igual, em poder e glória.
De Maria, a virgem,
Nasceu verdadeiro ser humano
Por meio do Espírito Santo na fé.
Por nós, que estávamos perdidos, morreu na cruz, e da morte
Ressuscitou por intermédio de Deus.

3. Nós cremos no Espírito Santo,
Deus como Pai e o Filho,
Consolador de todos os desalentados,
Que os dota maravilhosamente com seus dons.
A cristandade inteira sobre a terra
Ele mantém em concórdia;
Aqui todos os pecados são perdoados,
E a carne também há de voltar a viver.
Depois deste exílio espera-nos
Uma vida em eternidade.

Lutero versifica o Credo para que possa ser cantado. Expressa a doutrina da Santíssima Trindade, que é a confissão da igreja cristã através dos séculos. Por isso também serviu de confissão de fé na hora de sepultamentos, mostrando que a fé da igreja é uma só e une a todos na Santa Igreja Cristã O próximo hino denominado: “Nosso Deus é refúgio e força” [na tradução do original alemão] baseado no Salmo 46, também é de grande importância para Lutero, pois, este aborda vários aspectos da luta do crente contra o diabo e o mundo, como cita Dreher nas Obras Selecionadas v. 7: “Lutero, de fato, viu toda a sua vida como tempo de luta contra “o velho e malvado inimigo”. Segue o hino:

1. Castelo forte é nosso Deus,
Boa defesa e armamento.
Ele nos livra de toda a aflição
Que agora nos atingiu.
O velho e malvado inimigo
Agora investe para valer,
Grande poder e muito astucia
São seu cruel armamento,
Sobre a terra não existe igual a ele.

2. Com nossa força nada alcançaremos,
Logo estaremos perdidos.
Por nós luta o homem certo,
Que o próprio Deus escolheu.
Perguntas quem é ele?
Seu nome é Jesus Cristo,
O Senhor Zebaote,
E não há de vencer.

3. Ainda que o mundo estivesse cheio de demônios
E nos quisesses devorar,
Não nos apavoremos demais,
Pois venceremos apesar de tudo.
O príncipe deste mundo,
Por mais raivoso que ele se apresente,
Nada nos fará,
Isto porque já está julgado,
Uma palavrinha pode derrubá-lo.

4. A Palavra eles têm de têm de deixar de pé
Mesmo que não o queiram.
Ele está agindo entre nós
Com seu Espírito e dons.
Se nos tirarem corpo,
Bens, honra, filhos e esposa,
Que se vá!
Isso não lhes traz nenhum proveito,
O Reino mesmo assim há de ser nosso.

Este hino relata a natureza pecadora do homem e os ataques que este sofre através do diabo, que não dá trégua, mas, investe com todas as suas forças. No entanto, pela morte de Cristo na cruz foi vencido e derrotado, porém que continua a solta pelo mundo procurando a quem o queira dar ouvidos.
Lutero nos mostra que nossa salvação já esta garantida por Deus, que é nosso Castelo Forte e proteção, contra as investidas do diabo e do mundo que tentam a todo custo desviar os filhos de Deus.

2 LUTERO, A MÚSICA E A EDUCAÇÃO
2.1 APELO DE LUTERO PARA QUE MANTENHAM ESCOLAS
Lutero em seu Escrito “Aos conselhos de Todas as Cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs no ano de 1524 adverte e exorta aos prefeitos e câmaras municipais das cidades da Alemanha para que se dignassem a criar e manter escolas cristãs, assim os exortando amorosamente para que o ouvissem e recebessem o seu escrito com carinho, pois, assim não estariam obedecendo a ele, mas sim a Cristo, e, porém, se o negassem não estariam negando a ele, mas sim ao próprio Cristo conforme Lc. 10.16.
Em primeiro lugar, Lutero constata que em todas as partes da Alemanha as escolas estavam em total abandono. As universidades eram pouco freqüentadas e os conventos estavam em declínio.
Lutero também denuncia que as famílias mandavam seus filhos para os conventos e mosteiros somente para que esses fossem sustentados e alimentados nestes lugares.
Então Lutero diz que os pais visavam somente o “bem estar da barriga” e o alimento material para os filhos e se tivessem tido intenções sérias de
procurar a salvação e a bem aventurança de seus filhos, não desanimariam desta maneira.
Lutero sabia que a juventude seria levada ao caminho da perdição se não fosse regatada rapidamente, pois, os pais não mandavam seus filhos para que aprendessem a Palavra de Deus e se instruíssem por esta Palavra.
Mas para que estes ao adentrarem em conventos, escolas e várias outras instituições que não davam a devida importância para a instrução na Palavra de Deus, os continuassem a ensinar sobre as indulgências, missas aos mortos e várias outras barbaridades que bem conhecemos.
Lutero até chega a citar que cada cidadão ao pensar em conventos, escolas e faculdades deveria ter a seguinte visão:
Até agora dispendeu inutilmente tanto dinheiro e bens com indulgências, missas, vigílias, doações, espólios testamentários, missas anuais pelo falecimento, ordens mendicantes, fraternidades, peregrinações e toda confusão de outras tantas práticas deste tipo; estando agora livres dessa ladroeira e doações para o futuro, pela graça de Deus, que doravante doe, por agradecimento e para a glória de Deus, parte disso para a escola, para educar as pobres crianças, onde está empregado tão bem.
Se não tivesse aparecido essa luz do Evangelho e não o tivesse libertado disso, teria sido obrigado a doar eternamente não menos que dez vezes isto ou mais aos supracitados ladrões, sem recompensa. E que reconheça: se neste ponto houver resistência, queixa, bloqueio e má vontade, seguramente isso é obra do diabo. Quando esse dinheiro era doado para conventos e missas, ele não resistia desta forma, pelo contrário, encaminhava-o para estes fins aos montes. Pois sente que esta obra não é de seu interesse.
Lutero enumera três motivos para que todos os cidadãos olhem para a educação de seus filhos com amor, pois o primeiro motivo é que agora que estes pais e cidadãos estão instruídos pelo Evangelho, estão livres das correntes que a igreja os impunha até agora para com as ofertas para missas, indulgências e tantas outras citadas acima, e que poderiam agora investir em algo que realmente necessitava de auxilio a educação.
O segundo motivo apontado por Lutero para que se mantenham escolas, é que haviam profissionais capacitados na área da educação, mas, não produziam material adequado e voltado para a educação do jovem, o que leva a Lutero a dizer o seguinte:
É bem verdade: se as universidades e conventos continuarem como estão, sem a aplicação de novos métodos de ensino e modos de vida para os jovens, preferiria que nenhum jovem aprendesse qualquer coisa e que ficassem mudos. Pois é minha opinião séria, meu pedido e desejo que essas cocheiras e escolas do diabo mergulhem no abismo ou sejam transformadas em escolas cristãs. Visto, porém, que Deus nos agraciou tão ricamente, concedendo-nos uma grande quantidade de pessoas aptas a instruir e educar maravilhosamente a juventude é necessário que não desperdicemos a graça de Deus e não o deixemos bater em vão às nossas portas. Ele está diante da porta; felizes nós, se lhe abrirmos! Ele nos saúda; bem aventurado quem lhe responder! Se o desprezarmos, de modo que passa adiante, quem o chamará de volta?
O terceiro motivo enumerado por Lutero é, certamente o mais importante, a saber, o próprio mandamento de Deus que estimula e exige com tanta freqüência por meio de Moisés que os pais ensinem os filhos, como também diz o Salmo 78.5s.:
Quanto insistiu com nossos pais que transmitissem aos filhos [SC. Os louvores e as maravilhas do Senhor] e os ensinassem aos filhos dos filhos! Isso o demonstra também o Quarto Mandamento de Deus, onde ordena aos filhos a obediência aos pais com tanto rigor que os filhos desobedientes devem ser inclusive condenados à morte pelo tribunal . Aliás, para que vivemos nós velhos senão para cuidar da juventude, ensinar e educá-la? Pois é totalmente impossível esperar que este povinho louco se instrua e discipline a si mesmo; por isso Deus os confiou a nós,os mais velhos e que sabemos por experiência o que serve para o bem deles, e sem dúvida, exigirá de nós uma prestação de contas severa sobre eles. Por isso também ordena Moisés em Dt 32.7: “Pergunta a teu pai, ele te informará; pergunta aos velhos, eles to dirão”.
Lutero diz que é vergonhoso o fato de ter que lembrar ao povo e aos governantes da época da importância da educação das crianças e jovens, pois, isto deveria fazer parte da natureza humana, o buscar o melhor para os seus. Ele até
cita os animais que, mesmo sendo irracionais, cuidam de suas crias e lhes ensina o que precisam para sobreviver.
Lutero chega a ser até bem enfático, pois, para ele não existe nenhum pecado exterior que pesa tanto sobre o mundo perante Deus e nenhum merece maior castigo do que justamente o pecado que cometemos contra as crianças, quando não as educamos.
Diante de tudo isso que Lutero nos diz sobre a necessidade de se manterem as escolas e universidades, e a realidade enfrentada pelos jovens no quesito educação, sabemos da alta consideração que Lutero tinha pela Teologia e a Palavra de Deus, reflexos disto vemos na importância que este dispensava para com a música no aprendizado das crianças na escola, sabe-se que a música fazia parte do currículo escolar na Idade Média, sendo que esta estava integrada também a Matemática.
Diante desta necessidade visível na área da educação Lutero em um de seus escritos mostra bem especificamente este apreço pela música na instrução das crianças que está registrado no “Aos Conselhos de Todas as Cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs datado de 1524”:
Se tomamos tanto tempo para ensinar as crianças jogos de tabuleiros, a cantar e dançar, porque não tomamos o mesmo tempo para lhes ensinar a ler e outras disciplinas, visto que são jovens e têm tempo, são capazes e têm vontade? Falo por mim mesmo: se tivesse filhos e tivesse condições, não deveriam aprender apenas as línguas e História, mas também deveriam aprender a cantar e a estudar Música com toda a Matemática.
No dia 26 de Agosto de 1542, Lutero pode realizar este desejo que até então não o pudera realizar. Manda seu filho João à escola aos cuidados de Marcus Cordel sob o seguinte pedido: Estou lhe enviando meu filho João a você a fim de que você possa juntá-lo aos meninos que devem ser treinados na gramática e na
música... E diga a João Walter que eu oro pelo seu bem-estar e que eu confio meu filho a ele para aprender música. Porque é evidente que crio teólogos, mas eu gostaria também de criar gramáticos e músicos.
2.2 A música como agente importante na educação
Ao analisarmos a questão do ensino na época de Lutero, nos é demonstrado à preocupação que tinha para com o futuro do povo num modo geral, o povo não dava o devido valor para as escolas e faculdades, pois, viam como era negligenciada por parte da igreja a possibilidade de participação do povo no meio dentro das igrejas tanto nos cultos como nas decisões que a mesma tomava.
Lutero via que o povo não estava sendo instruído nas verdades bíblicas e estava deixando de lado tanto a participação nos cultos como também a educação dos filhos que estavam sendo levados pela boemia da época, então Lutero vê na música, ou seja, nos hinos e na liturgia o perfeito veículo para dar a instrução para o povo que estava se distanciando de Deus cada vez mais.
Pode-se notar esta a Reforma no campo da música e liturgia no século XVI. Lutero deu novamente ao povo a alegria de cantar, que se perdera com o inicio da idade média, Lutero enalteceu o valor da música tanto para os cristãos em seus cultos divinos, como para seus filhos nas escolas, dizendo que a música ocupa o segundo lugar, vindo logo após a teologia, e deve estar em íntima comunhão com esta.

Enfatizando a música como instrumento de ensino, podemos ver exemplos disto dentro do culto, conforme o Evangelho que se escolhem especialmente os hinos para um determinado domingo, ou conforme o texto e conteúdo do sermão. O caráter da música demonstrará ou traduzira o pensamento dominante do domingo contido no sermão.
Sempre será um hino que fala ao coração, que eleva a alma em adoração na presença de Deus e a anima a apresentar suas súplicas bem como a ação de graça. Pode-se dizer que o hino é “funcional” no sentido de exercer a função estimulante e benéfica no culto e sobre os presentes.
Já na devoção escolar, a função do hino ou da música é didática, pois, transmite instrução nas verdades bíblicas e salvadoras. A devoção da abertura poderá ter caráter próprio, pode também preparar os alunos para a história bíblica do dia ou para o trecho a ser estudado no catecismo. Crianças, despreocupadas por natureza, gostam de cantar, e também gostarão de cantar os lindos hinos e corais de sua igreja.
De grande proveito é ensinar aos alunos o sentido e a beleza dos hinos, da letra, da música, da liturgia, introduzindo-as assim num setor da vida da igreja que também podem e devem apreciar e aproveitar. As crianças também são membros batizados da igreja, com direito de participar de seus bens e bênçãos.
Estes são exemplos da música como meio de ensino em igrejas e escolas paroquiais, citados por WADEWITZ, mas, atualmente vemos que a música tomou outro rumo dentro das escolas, esta se tornou algo que deve ser adequado ao currículo escolar, como uma forma de complemento na formação dos estudantes, porém, continua a ser ensinada aos que a buscam, mas, já não têm o devido valor que tivera.
A lei de número 5.692 de 1972 incorporou a música a um conjunto maior denominado Educação Artística, que abrange: teatro, música, artes plásticas e desenho. Levando assim a uma mutação ou adequação deste veículo de aprendizado tão valorizado na época de Lutero.
A escritora Marieta Nicolau, em seu livro “A educação pré-escolar”, tenta mostrar o valor que a música tem com as seguintes palavras:
Os educadores precisam convencer-se de que a música é um inesgotável benefício para a formação, o desenvolvimento, o equilíbrio da personalidade da criança e do adolescente; o acesso a música constitui-se nas possibilidades de criar, de interpretar ou de ouvir, que podem ser estimuladas, desenvolvidas e educadas”.
Podemos talvez ainda dizer que há duas diferenças básicas entre o ensino da música na educação cristã e nas escolas comuns, dentro das igrejas a música é ensinada como um meio de louvor a Deus, oração, expressão de nossa fé e também de missão, isto é de grande importância no ensino da música a crianças e jovens, pois, o cantar não é somente pular, fazer gestos, dançar, etc.. Neste momento estamos em contato com o nosso Deus.
Sabemos também do lugar que a música têm em nossa cultura e dia a dia, ela tem lugar em nossos cultos, em cerimônias cívicas, em nosso lar e na escola, além também de ser a essência do rádio, da televisão e do cinema.
Segundo João. W. Faustini, todas as pessoas precisam exercer atividades que promovam o desenvolvimento fisico e o bem estar característico da boa saúde mental.
A música contribui muito para o alcance desses fins. No caso do ensino da mesma em um coral, a postura correta, o bom desenvolvimento do tórax e a boa técnica respiratória são sempre enfatizados num bom conjunto coral, e a disciplina
aplicada no aprendizado das notas e valores alcançam muito além da mera execução musical, disciplinando e orientando as vidas. Assim se expressam algumas autoridades no assunto:
Dr. J. H. Moore (médico): “O canto ajuda a desenvolver e fortalecer os pulmões e órgãos respiratórios, e ajuda o corpo inteiro a resistir moléstias.”
Dorothy Bromley (Educadora): “Somente agora estamos aprendendo que a boa musica e o canto ensinados às crianças, enquanto pequenas, têm o poder de modificar o destino de suas vidas.”
J. E. Hoover (criminologia, ex-Diretor do FBI): “A criança que recebe ensino musical e que tem prazer em cantar, jamais cometerá delitos graves. Os que aprendem a tocar piano jamais serão ladrões e os que cantam e manejam o arco do violino jamais manejarão armas”.
Aristóteles (Filósofo 320 A.D): “A música tem tanta relação com a formação do caráter, que é necessário ensiná-la as crianças.”
Shakespeare: “O homem que não possui música no seu próprio ser, é capaz de intriga, de vandalismos e de traição. Não confies nesse homem”.
Beranger: “Os corações estão bem perto de se entenderem quando as vozes se confraternizam”.
Marmontel: “A música é, incontestavelmente, de todas as artes, aquele que reflete de uma maneira mais sensível o grau de desenvolvimento de um povo”.
Lutero: “A música é filha do céu, e o homem que verdadeiramente a ama não pode ter senão bons sentimentos. Eu não tenho consideração alguma por um povo que não saiba cantar. Aqueles que ficam insensíveis à música são corações secos, que só posso comparar com pedaços de rocha ou de madeira”.
A música pode ser considerada como excelente válvula de escape para o homem se expressar tanto individualmente como em grupo. Através do canto as pessoas não somente expressam o que estão sentindo como também colocam pra fora todos os sentimentos de frustração, tão comuns na sociedade moderna.
A música tem sido usada em hospitais, clinicas e sanatórios. Seus efeitos benéficos como coadjuvante na cura, têm se tornado cada vez mais reconhecido e apreciado por toda a parte. O educador musical encara a participação musical, entretanto, mais como higiene mental e como preventivo, e não como remédio completo propriamente.
Aqui a música tanto dentro da comunidade cristã como da comunidade em geral, auxilia na educação da criança e do adolescente como também de toda a comunidade, mostrando assim a igreja que canta sua fé para todo o mundo, mas, não tomando o lugar da pregação do Evangelho e a administração da Ceia do Senhor, e sim a complementando e conduzindo o crente dentro do culto embelezando ainda mais a este.

3. A MÚSICA HOJE
3.1 A música como sinal de continuidade com toda a Igreja
Os hinos e a música cristã ligam o passado com o presente quando cantamos os mesmo hinos cantados na época de Lutero ou até antes. Neste sentido Lutero via uma continuidade dentro da igreja na questão da música.
Carl, F. Schalck tenta demonstrar em cinco pontos que a música é um meio de continuidade e ligação da igreja do passado com a do presente, que são os seguintes:
1. Lutero expressou seu agradecimento à tradição musical sacra, utilizando assim a herança musical antiga nos cultos.
2. Lutero também enfatiza que é perigoso tentarmos seguir nossos próprios caminhos na área da música sacra e do culto. Fazemos parte da Igreja universal e ao aceitarmos a herança musical que vem bem antes de Lutero e a reforma nos liga aos cristãos de outros tempos e lugares.
3. O fato de nós cristãos termos trabalhado e mantido relações com cristãos de todo o mundo enfatiza que temos um ponto
em comum no que diz respeito ao culto e a música, pois, concordamos e partilhamos da mesma idéia e crença naquilo que fazemos. Um exemplo disto é o desenvolvimento de um lecionário formas de culto e num corpo de hinódia comuns, tudo isto demonstrando o benefício de tal continuidade no desenvolvimento da música com estes irmãos cristãos de outras comunhões. Há uma troca mútua de informações e conhecimento.
4. Devemos nos lembrar também que não é devido a novas formas musicais e aperfeiçoamento no fazer música que devemos nos esquecer ou desprezar o passado, “Por isso confessamos em primeiro lugar que nem agora nem jamais foi nossa intenção abolir totalmente todo o culto a Deus, mas apenas purificar esse que está em uso, que está viciado pelos piores acréscimos (DREHER, pg. 157. 2000).
5. A continuidade do ensino dentro da igreja no campo do culto e música é muito importante para os anos que virão, pois, a música na atualidade está em constante mudança, não sabemos aonde vai parar este caminho, mas temos que nos moldar as novidades sem perder de foco o centro de todo o ensino que é a Palavra de Deus, e continuar a utilizar este importante veículo que é a música para o ensino de todas as pessoas sobre Cristo.
A música sacra carrega em si o Evangelho de Cristo, que é levado a todas as nações através do louvor seja dentro das igrejas entre os cristãos, seja nos lares
entre a família. A música sacra que despertou tanto interesse em Lutero, é um convite para nós hoje que cantamos estes mesmos hinos afirmando a mesma fé que os cristãos do passado tinham e defendiam. Também ensinamos estas mesmas canções aos nossos filhos e a toda a igreja assim como Lutero ensinava em sua época.
Utilizemos bem este recurso tão precioso para levar o evangelho e educar cristamente a todos os que não conhecem a Cristo e a sua obra salvadora.

CONCLUSÃO
A música tanto nos dias de Lutero como atualmente, têm seu devido valor. As crianças aprendem mais facilmente através da música, se relacionam melhor brincando com a música. Já o apóstolo Paulo sabia da eficácia da música no ensino cristão quando escreveu aos colossenses: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Cl 3.16).
Não podemos deixar de sinalizar que a música sacra na época de Lutero tinha um público diferente e propósitos diferentes: ela visava o ensino da palavra de Deus para um povo que não estava sendo instruído nesta palavra. Lutero pretendia transmitir em seus hinos a teologia, o consolo que o Evangelho poderia dar aos aflitos pelos seus pecados. E estes mesmos hinos cantados na época da reforma, ainda hoje podem transmitir este propósito, por isso continuam sendo utilizados.
Os hinos e a liturgia luterana refletem a identidade desta igreja. Aliás, a Igreja Luterana tem sido reconhecida como “a igreja que canta”. E o canto, utilizado por séculos como instrumento de ensino, continua com seu poder de incutir nas mentes as verdades que estão expressas nas letras que se cantam. Por isso a igreja de hoje, tomando como exemplo os séculos passados de ensino não pode se furtar a continuar a utilizar esta ferramenta de ensino na sua tarefa de incutir no povo as verdades bíblicas.

REFERÊNCIAS
BAINTON, Roland. Here I Stand: A Life of Martin Luther. New York and Nashville: Abingdon-Cokesbury, 1950.
BÍBLIA. Português. A Bíblia Sagrada: antigo e novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2. Ed. rev. atual. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
BÍBLIA. Português. A Bíblia Sagrada: antigo e novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Nova Tradução na Linguagem de hoje. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
BRITO, Teca Alencar. Música na educação infantil. Editora Peirópolis
DREHER, Martin N. in Obras Selecionadas – Martinho Lutero, v.7. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 2000.
FAUSTINI, João. F. Música e Adoração. Imprensa Metodista. 1973.
FIFE, Robert Herndon. Young Luther. New York: The Macmillan Company, 1928. FREDERICO, Denise de Souza. A Música na Igreja Evangélica Brasileira: Rio de Janeiro: MK Ed., 2007.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico: Explicação das Normas da ABNT, Porto Alegre: s.n. 15. Ed., 2009.
HINÁRIO Luterano, 13. Ed. Porto Alegre: Concórdia, 2003, nº 376.
HASSE, R F. Frei Martinho Restaurador da Verdade, Porto Alegre: Rio Grande do Sul: Casa Publicadora Concórdia, 2ª. Ed.
JEANDOT, Nicole. Explorando o Universo da Música. Editora Scipcione
JUST, Gustav. Deus Despertou Lutero, Tradução de Gastão Thomé. Porto Alegre: Editora Concórdia, 2ª. Ed. 2003.
KARNOPP, David. Música e Igreja: Aspectos Relevantes da Música Sacra na História do Povo de Deus, Passo Fundo: Rio Grande do Sul: Gráfica e Editora Pe. Berthier. 1ª Ed. 1999.
KARNOPP, David. A Dinâmica do Culto Cristão origem, prática e simbologia, Porto Alegre: Rio Grande do Sul: Editora Concórdia, 1ª. Ed. 2003.
LANG, Paul Henry. Music in Western Civilization. New York: W. W. Norton & Co., Inc., 1941.
LIVRO DE CONCÓRDIA. As Confissões da Igreja Evangélica Luterana, São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 4. Ed., 1993.
LUTHER, Martin. Luther´s Works.Vol. 50, Letters. Edited by Gootfried. G. KRODEL. Philadelphia: Fortress Press, 1975.
MUELLER, John Theodore. Dogmática Cristã. 4ª. Ed., ver. E ampl. Porto Alegre-Concórdia 2004.
NETTL, Paul. Luther and Music, Philadelphia: EUA: The Muhlenberg Press. 1948.
NICOLAU, Marieta L.M. A Educação Pré-Escolar. São Paulo, Atica, 1987.
RHAU, Jorge. In Obras de Lutero, Ed. Americana. Philadelphia e St. Louis: Fortress and Concordia, 1995, v. 53.
SCHALK, Carl F. Lutero e a música: Paradigmas de louvor. São Leopoldo: Editora Sinodal. 1998.
WA TR – (Tischreden) conversas a mesa: WA TR 5,274,11, nº 5603
WHITE, James F. Introdução Ao Culto Cristão, São Leopoldo: Rio Grande do Sul: Editora Sinodal, 1997.
WADEWITZ, W. K. A Importância da Música na Igreja e na Escola. Igreja Luterana. Porto Alegre, Concórdia, 1958(5).

quinta-feira, 31 de março de 2011

Devoção sobre Efésios 5. 8-14





Quem de vocês conhece ou ouviu falar de um farol, daqueles que ficam a beira do mar iluminando toda a costa? Pra que serve um farol? (iluminar), de que adianta um farol se ele não faz o que deveria fazer.
No texto que lemos de Efésios 5 vs. 8 é dito exatamente isso, nós antes de conhecermos a palavra de Deus, vivíamos “apagados”, não brilhávamos, não iluminávamos esse mundo cheio de trevas e de pecado. Mas Cristo mudou essa realidade, na cruz ele nos fez novamente filhos de Deus.
Nós e muitas outras pessoas andávamos nas trevas, longe de Deus e da luz de Cristo éramos inimigos de Deus, nos escondíamos dele assim como Adão e Eva fizeram quando desobedeceram a ordem de Deus, pois, sabiam que haviam errado, essa é a nossa natureza.
Porém, graças ao bondoso Deus essa realidade mudou, somos amados e perdoados de nossos pecados, de todos eles, unicamente pela graça e amor de Deus.
Somos lembrados por Deus o Pai, de que agora devemos agir de modo diferente, pois, estamos na luz, junto de Cristo, e apoiados por Ele. Agora nos é confiada uma nobre tarefa, que não é pesada ou penosa, pelo contrário é uma honra e um privilégio a todo cristão: iluminar, irradiar, brilhar com toda a força, mostrando a fé e o amor de Deus que estão dentro de nós. Devemos mostrar ao mundo que somos amados por Deus, e que esse amor se estende a todos os que nos rodeiam, inclusive aqueles que ainda não conhecem a Cristo.
Assim como o farol, devemos estar em pontos estratégicos, para mostrar essa luz que não é nossa, é presente e dom de Deus, levando assim quantos pudermos a conhecerem a Cristo, o perdão e salvação que Ele conquistou por todos nós pecadores.
O mundo esta ai, do jeito que vemos todos os dias, caminhando a passos largos para o fim, mas, devemos cruzar os braços, e pensarmos porque somos filhos amados de Deus, o mundo que se vire porque esse não tem mais jeito? Não, temos a nobre tarefa de iluminar o caminho até Cristo, como? Testemunhando, ajudando o próximo, o amando assim como Deus nos ama, ouvindo nosso irmão no momento de angustia, sendo um bom marido e uma boa esposa, um bom empregado e um bom patrão. A presença de Cristo e a certeza de nosso perdão e salvação devem brilhar em nossas vidas todos os dias, no nosso trabalho, no bairro onde moramos, com nossos amigos, enfim todos os dias e em todos os lugares por onde passarmos.
Oração: Pai Nosso, que estás nos céus. Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dá hoje. E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação. Mas livra-nos do mal. Pois Teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Início do Trabalho CEL Redentor Jardim Umuarama. MT

Estamos iniciando nosso trabalho e um ano cheio de expectativas e surpresas se iniciou,que Deus abençoe nosso trabalho e nossa vida aqui em Cuiabá neste ano de 2011 assim como todos os nossos amigos que estão estagiando pelo Brasil. Grande abraço a todos os amigos e que Deus nos abençoe ricamente.