INTRODUÇÃO
A “Reforma da música em Lutero como instrumento pedagógico” pretende enfatizar o poder da música como ferramenta de ensino. Utilizar a música no ensino é algo bastante antigo. Paulo já tinha conhecimento quando admoesta os colossenses dizendo: “Habite ricamente em vós a palavra de Cristo; instrui-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações”.
O trabalho se divide em três capítulos. No primeiro será analisada a importância que a música desempenhou tanto na formação de Lutero como em sua vida diária, e que levou a Lutero a reformar a parte da missa dentro do culto.
No capítulo dois Lutero reforça a importância da educação tanto de jovens quanto crianças nas universidades e escolas, através também da música.
E no capitulo três será trazida a importância da música sacra atualmente, tanto no conteúdo que esta carrega a Lei e Evangelho, como na identidade que a mesma atribui aos cristãos de todas as épocas.
1 LUTERO E A MÚSICA
1.1 QUAL O SIGNIFICADO DA MÚSICA PARA LUTERO
Paul Henry Lang apontou que Lutero pode ter sido ou deixado de ser qualquer coisa, mas não foi um “diletante” em música.
No centro do novo movimento musical que acompanhou a Reforma encontra-se a proeminente figura de Martim Lutero. Ele ocupa essa posição não por causa de seu papel de liderança no movimento protestante, e nada é mais injusto do que considerá-lo como uma espécie de entusiástico e bem- intencionado diletante. O derradeiro destino da música protestante alemã dependeu deste homem, o qual, em seu tempo de estudante na cidade de Eisenach, cantando todos os tipos de canções juvenis, e como sacerdote familiarizado com o gradual e as missas polifônicas e motetos, vivia com música soando em seus ouvidos.
Lutero defendia a música como uma maravilhosa dádiva Divina para ser usada no louvor e na pregação da sua palavra. Dentre todos os reformadores protestantes de seu tempo, Martinho Lutero foi o que mais incentivou o uso da música para o crescimento da vida cristã e no culto da igreja .
No prefácio à obra Symphoniae iucundae de Jorge Rhau (1538), temos mais um dos relatos de Lutero pelo seu apreço pela música:
A música é uma esplêndida dádiva de Deus e eu gostaria de exaltá-la com todo o meu coração e recomendá-la a todos. Mas eu estou tão dominado pela diversidade e magnitude de suas virtudes e benefícios que (...), por
mais que eu queira exaltá-la, minha exaltação será insuficiente e inadequada (...). Se queres confortar os tristes, aterrorizar os felizes, encorajar os desesperados, tornar humildes os orgulhosos, acalmar os inquietos ou tranqüilizar os que estão tomados por ódio (...) que meio mais efetivo do que a música poderias encontrar?
Diferente de Calvino, que restringiu o uso da música, e de Zwínglio, que a baniu completamente do culto comunitário, Lutero concedeu à música – ao lado da teologia – o mais alto patamar. “Somente uma coisa podemos mencionar (e que a experiência confirma): depois da palavra de Deus, a música merece o mais alto louvor.”
A visão e o gosto de Lutero pela música e pela liturgia mudaram e influenciaram muitos a sua volta. Firmemente ancorado em uma liturgia histórica da tradição católica ocidental, Lutero, devido a sua experiência no campo da música, imediatamente percebeu o extremo poder que a música exercia no coração e nas mentes de seus ouvintes.
A partir desta perspectiva, Lutero encorajou o ensino e a execução tanto nas formas de arte musicais mais sofisticadas de seu tempo – o canto gregoriano e a polifonia – como de simples hinos comunitários. Devido à tradição Renascentista latina seguida na vida sacerdotal no monastério levou a igreja a desenvolver uma sofisticada forma artística com pouca ou nenhuma música da qual o povo pudesse participar.
Calvino, ao contrário de Lutero, excluiu toda e qualquer forma de música artística no culto público, permitindo somente a salmodia comunitária. Em contraste a essas duas tradições e práticas, Lutero e a tradição reformada luterana encorajaram e fomentaram na vida cristã e no culto a Deus uma junção entre a mais sofisticada forma musical e o mais simples dos cantos comunitários. O resultado foi o nascimento e crescimento de uma rica e profunda tradição em música da igreja.
1.2
Formação musical de Lutero
Lutero nasceu na cidade de Eisleben, Alemanha, em 10 de novembro de 1483, cresceu em uma família pobre, mas apegada a palavra de Deus. Ele era muito estimado em casa e ligado a seu pai, Hans, com o qual orava antes de dormir. Sua mãe Margarethe também era muito piedosa. Uma pequena canção, a qual Lutero recorda ouvir de sua mãe cantando, é a única evidência que temos de música em sua casa na infância. Lutero relembra um trecho da pequena cantiga entoada por sua mãe: “Se as pessoas não gostam de você e de mim, o erro é nosso, sim”.
Temos poucos relatos da infância de Lutero no quesito música que é assunto deste trabalho. Porém, conforme os programas da época, com o seu ingresso na escola iniciam-se uma íntima relação com a música tanto dentro como fora da igreja, relação esta que começou a formar suas atitudes pessoais. Devemos agradecer a essa experiência que Lutero teve nas escolas que passou, pois, devido a ela foi iniciada a rota que a música tomaria dentro das igrejas da Reforma Luterana.
No verão de 1484, a família de Lutero mudou-se para Mansfeld, uma cidade localizada em uma área muito próspera no campo da mineração e agricultura. A região era caracterizada por “morros, colinas, florestas e prados, em uma colorida e complexa imagem de vida rural” (BAINTON apud SCHALK, p. 11). Foi ali que Lutero inicia sua educação formal.
Não sabemos ao certo a idade com que Lutero ingressa na escola de Mansfeld, escola esta que ensinava quatro coisas: ler, escrever, cantar e latim. Lutero aprendeu com maior perfeição duas coisas: latim e cantar. A tarefa dos estudantes era a seguinte:
Requeriam exercícios religiosos diários; como meninos cantores dos coros, desempenhavam importante papel em procissões e festivais religiosos, que eram extremamente apreciados na Alta Idade Média e ofereciam muitas oportunidades para apresentações musicais. Um espírito vibrante como o do jovem Lutero não somente recebeu treinamento nas técnicas da música, as quais mais tarde lhe foram tão importantes, mas também guardou em seu intimo muitas das frases e imagens da litania solene do serviço cultural medieval, que eram entoadas nos Salmos e hinos, em versículos e responsórios, e as quais, mais tarde, lhe foram tão úteis.
Conforme Gustav Just, a disciplina tanto no lar de Lutero como na escola era muito rígida o que leva o autor a citar o seguinte:
Um desses professores que tratam seus alunos como carcereiros e carrascos tratam ladrões. Certa vez, Lutero foi castigado quinze vezes com uma vara durante uma manhã. Tal disciplina tão tirânica somente poderia infundir timidez e respeito no seu ânimo e no de seus colegas.
O ensino religioso que Lutero e os demais alunos recebiam, igualmente contribuía para intimidar e assustar a estes. Segundo, Gustav Just o que se ensinava nessas aulas era pouco mais que superstição e idolatria papistas.
Mas, também na noite de Natal, se cantava nas igrejas: “Jesus menino hoje nasceu”. Porém, em vez da grande mensagem de alegria: “Hoje vos nasceu o Salvador”, pregava-se na escola o fogo e os tormentos do inferno.
Lutero aprendeu ainda a liturgia católica pela participação nas procissões festivas. Os estudantes eram treinados em todos os ofícios religiosos, regulares ou especiais, celebrados durante o ano eclesiástico.
Além disso, também eram ensinados os rudimentos da teoria da música, estudando a entonação dos Salmos em conjunto com elementos de iniciação musical, tudo isso liderado por uma pessoa com formação litúrgico-musical especializada e especialmente designada de conduzir as atividades musicais. Pela manhã, as aulas iniciavam com orações e cânticos. Durante o dia, as aulas eram intercaladas algumas vezes com minutos de oração e uma canção. Materiais e métodos usados nas escolas tinham o objetivo de preparar bons católicos.
Por volta do ano de 1497, o jovem Martinho, agora com quatorze anos de idade, foi enviado à cidade de Magdeburgo para continuar os estudos. Porém não temos muito material a respeito do breve período de seus estudos ali, nem mesmo a escola específica que ele freqüentou. No entanto, como apontado por Bainton:
Cada cidade na qual Lutero foi para estudar estava cheia de igrejas e monastérios. Em todos os lugares encontrava-se sempre o mesmo: campanários, torres de igrejas, claustros, sacerdotes, monges das várias ordens, coleção de relíquias, badalar de sinos, anúncio de indulgências, procissões religiosas, curas em lugares santificados .
Para termos idéia da situação em que Lutero se encontrava em Magdeburgo, Gustav Just diz o seguinte:
Um dia em Magdeburgo, Lutero foi acometido de uma febre alta, que o deixou extenuado. Apesar de sentir muita sede, não lhe era permitido beber água. Quando, porém, numa sexta-feira, todos os seus companheiros de quarto estavam na igreja, e a sede se tornara insuportável, ele se arrastou até a cozinha, onde havia um pote com água fresca. Com ambas as mãos, levou o pote à boca, esgotando-o com sofreguidão. Voltando ao quarto caiu num sono profundo e, quando acordou, a febre tinha desaparecido.
Neste relato podemos ter idéia de como era o ensino na época em que Lutero estudou em Magdeburgo, o que após um ano de carência de recursos obrigou-o a abandonar os seus estudos em Magdeburgo.
Então Lutero volta para a casa de seus pais por um curto período de tempo, e matricula-se no colégio de Eisenach, lugar este que também não ofereceu uma vida diferente da que vivia em Magdeburgo.
Sendo que para sobreviver Lutero orava e cantava em frente às casas de pessoas ricas. ““ Os donativos assim recebidos, eram chamados de “sobras de mesa”. “Sendo que mais tarde Lutero comenta este período de sua vida: Também fui um destes esmoleiros que recebia pão da caridade diante das casas, principalmente em Eisenach, minha querida cidade” (JUST, 2003, p. 44.)
Lutero ainda ingressa na Faculdade de Erfurt no ano de 1501, onde iniciou seus estudos sob a supervisão de seu amigo, o doutor Trutvetter. Lutero graças ao zelo de seu pai não passou por nenhuma dificuldade financeira em Erfurt sendo que este elogia a seu pai: “Com todo o amor e fieldade ele me manteve na universidade e, por meio de seu suor e trabalho árduo, me ajudou para que eu pudesse concluir meus estudos superiores”. (JUST, 2003, p. 46.)
No ano de 1505 uma tempestade enfrentada no seu retorno a Erfurt, leva Lutero a mais um passo em sua vida acadêmica, a se tornar monge, que clama a Santa Ana o seguinte:
“Ajuda-me, querida Santa Ana, e eu te prometo que, logo a seguir, me tornarei um monge!” Pois só assim ele achava que poderia reconciliar-se com Deus e encontrar a tão desejada paz para a sua alma.
Após um curto período de tempo no convento Lutero é chamado para lecionar em Wittenberg no ano de 1508, pois, o príncipe Frederico da Saxônia havia fundado a Universidade de Wittenberg e ordena a Staupitz que selecione homens sábios e capazes para integrar a congregação de professores. (JUST, 2003, p. 53).
Algo muito importante acontece e que daria um rumo a reforma que seria feita também na área da música, quando Lutero é enviado a Roma para tratar dos assuntos do convento, Just cita o seguinte nas próprias palavras de Lutero:
“Também eu fui, em Roma, um desses beatos alucinados. Corria todas as igrejas e catacumbas e acreditava em tudo o que ali se inventa e se trama. Naquela ocasião, lastimei muito que meu pai e minha mãe ainda estivessem vivos, pois eu teria gostado imensamente se pudesse libertá-los do fogo do purgatório com minhas missas, obras meritórias e muitas orações”.
Lutero ficou profundamente indignado ao ver como os padres (...) rezavam as suas missas de forma rápida e mecânica (...) A respeito disso, Lutero assim se expressou: “Antes de eu chegar à leitura do Evangelho, já o meu cooficiante tinha concluído a sua missa e gritava para mim: ‘Vamos! Apressa-te! Termina tudo de uma vez!’”
Pode-se concluir que esta visita de Lutero a Roma teve grande importância, pois, somente agora ele via com seus próprios olhos como realmente era tratada a Palavra de Deus, o que leva Lutero a afirmar o seguinte sobre Roma:
“Ninguém acredita o que em Roma existe de maldade, de pecado e de vergonha abomináveis. Só é possível alguém se convencer de que lá existe tamanha perversidade, se ele mesmo a vir, ouvir e experimentar.
Aqui se inicia o movimento que desencadeará a reforma de Lutero, pois, agora que o reformador viu com seus próprios olhos como era tratada a fé dos crentes, seu dinheiro ou ofertas, e principalmente o culto a Deus seu modo de pensar não se enquadra mais no estilo papista.
1.3 A música dentro da missa antes e depois da reforma
Na igreja apostólica e pós-apostólica, os cristãos aproveitaram os cânticos hebraicos que tradicionalmente se usavam nos serviços do templo, nas sinagogas e nos lares israelitas. Os judeus que se convertiam ao cristianismo, devido ao seu conservadorismo continuavam a utilizar os salmos como vinham fazendo até então.
Desta maneira no culto cristão permaneceram muitos elementos do culto antigo, muitos trechos litúrgicos. Com o decorrer do tempo foram surgindo novos cânticos e hinos, tendo os salmos por modelo, os quais vieram a aumentar o tesouro hinológico da jovem igreja. Estes hinos não traziam consigo somente todas as lutas
dos primeiros cristãos como também lhes davam forças e ânimo para que permanecessem fiéis. Diz Tiago 5:13 nas Escrituras Sagradas: “Esta alguém alegre? Cante louvores.”
Pelo que parece também o modo de cantar dos primeiros cristãos judeus era derivado de seus costumes e da sua arte de interpretação musical das Sagradas Escrituras. Cantava-se em uníssono, em uma voz apenas, homens, mulheres e crianças.
Segundo Wadewitz em seu artigo na Revista Igreja Luterana ao falar do patrimônio musical que abrange tanto hinos como cânticos, que têm passado de geração em geração desde a igreja antiga, tendo maiores mudanças na reforma continuou a crescer, tomando lugar especial no coração dos crentes em geral.
A princípio estes tesouros musicais nasceram para serem usados no culto, porém tomaram tamanha proporção que invadiram os lares e as escolas, adentrando assim na vida das famílias cristãs, tornando-se assim, quase que involuntariamente, fonte de instrução e de confissão de fé, bem como fonte de conforto, de edificação e de alegria. Para todos os acontecimentos da vida havia hinos para assinalá-los, desde o berço até o túmulo.
No período que antecedeu a reforma sabemos que o canto nas congregações era executado somente pelos clérigos e meninos que compunham o coro. Sabe-se também que havia mais uma dificuldade no que diz respeito á música, que era o latim a língua oficial na missa, então a população mal entendia as palavras que ouvia na missa, ou não entendia nada.
Porém surge uma novidade diante dessa realidade, Lutero entra em cena trazendo a Reforma no campo da musica congregacional, Lutero começa a valorizar
a participação da comunidade no canto congregacional dando assim a este força. “A adoração agora não se restringia apenas aos clérigos e meninos do coro, mas era a própria assembléia dos fiéis que devia cantar seus hinos em louvor a Deus, e isso, em sua querida língua materna”.
Lutero purificou o culto da missa, porque havia sido até o momento feito o sacrifício diário de Cristo na missa. Mas, segundo a Epístola aos Hebreus, Cristo se ofereceu uma única vez a fim de perdoar nossos pecados para sempre.
Tudo o que havia sido acrescentado como inovação ou invenção humana, à Ceia do Senhor ele o aboliu, “se escandalizasse quem quisesse”. Restituiu o cálice aos fiéis e substituiu a língua latina nos atos religiosos pela vernácula, compreendida pelo povo. No dia 29 de Outubro de 1525 foi realizado o primeiro culto na igreja do paço em Wittenberg totalmente em vernáculo, obedecendo à nova ordem evangélica. No mesmo ano foi publicada a nova ordem de culto. Desde então o povo vem podendo falar com Deus na sua própria língua nos seus cultos. A congregação passou a tomar parte ativa e preponderante nos cultos públicos. A Igreja reviveu.
Podemos dizer também que Lutero ao mesmo tempo foi bastante conservador em relação à tradição musical, conservando uma série de modelos antigos de cânticos e hinos litúrgicos, sempre tendo em mente o pensamento que “retemos o que é bom” .
Lutero também valorizou muito a música contemporânea, que se pode notar nas referências que ele faz a músicos contemporâneos de seu meio. Ao apreciar a música contemporânea Lutero lamenta que a música secular tenha cantos e poemas muito bonitos enquanto a música sacra contenha “muita coisa pobre e fria”
1.4 A música um dom de Deus
Desde os tempos antigos a música tinha papel essencial na vida dos cristãos e dentro do culto a Deus.
O homem religioso, cheio de admiração diante de seu Deus, sentindo-se protegido por Ele ou repleto de seu poder dedica-se assim ao louvor. Ele teme e treme diante da santidade divina, esta ao mesmo tempo o fascina e atrai. A santidade move o crente a louvar fazendo com que seus lábios pronunciem hinos de adoração.
No Antigo Testamento temos relatos a respeito do Culto e adoração a Deus. No livro de Gênesis temos referências a respeito de culto com Abraão, Isaque e Jacó, que construíram altares a Deus e o adoraram conforme encontramos em Gênesis 12.7-8:
Ali o Senhor apareceu a Abrão e disse: Eu vou dar esta terra aos seus descendentes. Naquele lugar Abrão construiu um altar a Deus, o SENHOR, pois ali o SENHOR havia aparecido a ele. (v.8): Depois disso Abrão foi para a região montanhosa que fica a leste da cidade de Betel e ali armou o seu acampamento. Betel ficava a oeste do acampamento, e a cidade de Ai ficava a leste. Também nesse lugar Abrão construiu um altar e adorou o SENHOR.
Em Gênesis 13.2-4:
Abrão era muito rico; tinha gado, prata e ouro. (v.3): Ele foi de um lugar para outro até chegar à cidade de Betel; e dali foi para o lugar que fica entre Betel e Ai, onde já havia acampado antes. (v.4): Abrão chegou ao altar que ele havia construído e adorou a Deus, o SENHOR.
E em Gênesis 26.25:
Isaque construiu um altar ali e adorou a Deus, o SENHOR. Ele armou as suas barracas naquele lugar, e ali os seus empregados cavaram outro poço.
Ao analisarmos estas passagens bíblicas podemos dizer que eram ritos de certa forma primitivos, ou pequenas cerimônias litúrgicas, e o chefe da família desempenhava as funções sacerdotais.
Nos dois primeiros mandamentos dados por Deus a Moisés no Monte Sinai (Ex 20. 1-6), há esclarecimento de como deveria ser a adoração para o povo judeu, que tinha acabado de ser liberto da escravidão do Egito e que estava iniciando a sua caminhada rumo à terra prometida. Deus ordena que o povo não se apegue a outros deuses e que fosse fiél a Ele, não adorando imagem alguma, não tomando o Seu nome em vão e santificando o dia de sábado para o culto e descanso.
Estas passagens nos mostram como o culto e adoração a Deus eram levados a sério e considerados sem sombra de dúvida como dadas por Deus ao ser humano, para que este, através de seu louvor e adoração, se achegasse diante do Deus Generoso.
Em Lutero a música e adoração são vistas como dom de Deus, sendo assim tratadas com todo o respeito que merecem, descritas pelo próprio Lutero no prefácio para a Symphoniae iucundae, de George Rhau onde diz:
Certamente eu gostaria de honrar a música com todo o meu coração como esplêndida dádiva de Deus, o que ela é de fato, e recomendá-la a todos (...)
E você, jovem amigo, que essa nobre, benéfica e agradável criação de Deus lhe seja confiada (...). Ao mesmo tempo habitue-se, através dessa criação, a reconhecer e a louvar o Criador.
Lutero entende que o canto agradou a Deus. No “Prefácio ao hinário Wittenberguense de 1524” ele escreve:
No meu entender, nenhum cristão ignora que o canto de hinos sacros seja bom e agradável a Deus, uma vez que todo mundo tem não apenas o exemplo dos profetas e reis no Antigo Testamento (que louvaram a Deus cantando e tocando, com versos e toda a espécie de música de corda), mas este costume, particularmente no tocante aos salmos, é conhecido da cristandade em geral desde o começo. O próprio S. Paulo o instituiu em 1 Co 14[26] e ordena aos colossenses que cantem com vontade ao Senhor hinos sacros e salmos, para que desta maneira a Palavra de Deus e a doutrina cristã sejam propagadas e exercitadas das mais diversas maneiras.
Lutero não via nenhum problema em utilizar melodias conhecidas pelo povo, pelo contrário estas melodias serviam como molas propulsoras para os hinos criados e adaptados por ele. Lutero diz que juntamente com outros compositores da época daria o início a este movimento na área da musica e liturgia, e motiva aqueles que poderiam fazer este trabalho melhor. “Reuni alguns hinos sacros a fim de propagar e dar impulso ao santo Evangelho que ora voltou a brotar pela graça de Deus.”
Lutero cita a passagem bíblica de Ex 15. 1-18 onde Moisés entoou um cântico dizendo que Deus é nosso louvor e canto. Relembra que nada saibamos cantar nem dizer senão a Jesus Cristo nosso Salvador, o que justamente é este reconhecer que nada somos e podemos fazer diante de Deus para o louvar e agradecer por suas bênçãos sobre nós. Se o louvamos e prestamos culto é somente pela sua ajuda.
Lutero também lembra que os hinos que foram arranjados a quatro vozes, foram justamente compilados porque estes visavam à juventude e o aprendizado da mesma, que estavam sendo levados pelas canções de amor e cantos carnais, então através destes hinos os jovens aprenderiam algo de proveitoso, sadio e que seria bem assimilado por eles. Enfatiza que gostaria que todas as artes, particularmente a
música, estivessem a serviço daquele que as concedeu e criou. Por isso ele pede que todo cristão de valor receba isto de bom grado e ajude a promovê-lo.
1.5 Lutero e o hinário
Lutero vê a realidade que estava enfrentando no campo da música e resolve publicar o primeiro hinário. Ele já vinha compondo hinos que inicialmente foram publicados em folhas avulsas. E logo mais, devido a seu uso, requereu-se a junção dos mesmos, dando origem ao hinário para o coro, que primeiramente visava o ensino da comunidade. (Dreher, Obras Selecionadas – Martinho Lutero – v7. pg. 480). A respeito de Lutero e o Hinário, comenta Martin N. Dreher:
Em 1524, seria publicado o Geistliches Gesangbüchlein ( Pequeno Hinário Espiritual), para o qual Lutero escreveu o primeiro prefácio. A parte musical ficou a cargo de Johann Walter. Eram 32 hinos alemães e cinco latinos. Em Wittenberg também foi publicado o Achtliederbuch (Hinário de oito hinos), uma coletânea dos mais antigos hinos de Lutero. Em Erfurt foram publicados dois Enquirídios, cadernos com notas, cada um dos quais contendo 25 hinos. Em breve, outras localidades publicarariam hinários.
A cristandade em geral tem em muito que agradecer a Lutero pela reforma e apreço que este depositou para com a música e a liturgia. Compôs hinos e cânticos de louvor, desde os mais elaborados até àqueles que as crianças podem cantar.
Lutero se preocupou com a falta de participação da comunidade. Na execução dos cânticos na missa, pois, como citado nas páginas anteriores somente os clérigos e os meninos do coro entoavam os hinos em latim, a língua que o povo não dominava, e havia apenas poucas canções em língua alemã para que a comunidade cantasse.
Devido a essa preocupação com a falta da participação do povo na missa e no canto, Lutero em seu escrito sobre a “Missa Alemã e Ordem do Culto,” datado de 1526, relata que não gostaria de deixar de lado a língua latina no uso dentro do culto. Ele sabia da importância que a língua latina tinha para o aprendizado do povo da época, e ele gostaria também que a mensagem fosse pregada em grego, hebraico, alemão e latim. Se houvesse o devido domínio destas línguas poderiam se criar novos cantos e melodias nestas línguas e também educar os jovens e as demais pessoas para que pudessem ser úteis a Cristo e falar com outras pessoas também em outras línguas. (DREHER., pg. 179. 2000). O que leva Lutero a fazer a seguinte afirmação:
Não foi assim que o Espírito Santo procedeu no início. Ele não esperou até que todo mundo viesse a Jerusalém e aprendesse hebraico, mas concedeu toda espécie de línguas para o ministério da pregação, de modo que os apóstolos pudessem falar aonde quer que chegassem. Este exemplo é que prefiro seguir; além disso, é conveniente exercitar a juventude em muitas línguas. Quem sabe como Deus irá usá-la com o tempo? Para isso é que existem escolas.
Mas Lutero sabe da realidade da maioria do povo, que só entendia o vernáculo. Por isso organiza a Missa Alemã:
Em segundo lugar, existe a missa ou culto alemão, objeto do presente escrito, e que deve ser regulamentado por causa dos leigos sem instrução. É preciso que estas duas formas [a missa latina e a missa alemã] sejam reconhecidas e praticadas, para que sejam celebradas publicamente nas igrejas perante o povo todo, no meio do qual há muitos que ainda não crêem ou não são cristãos.
Lutero escreveu vários hinos e prefácios para Hinários. Serão destacados apenas alguns, o primeiro denominado: “Vós Crentes, todos Exultai”
1. Vós crentes todos exultai! Contentes nos mostremos Louvando o que de nosso Pai sem paga recebemos enaltecendo o Benfeitor e seu gracioso, eterno amor,Ao qual a paz devemos.
2. Cativo fui de Satanás e a morte condenado;E noite e dia andei sem paz Por causa do pecado. E cada vez caía mais,Sem me poder erguer jamais Daquele triste estado. [Ef 2.12].
3. Nas minhas obras sem valor,Nenhum proveito havia;Por natureza, um malfeitor,Odiando a Deus me via.O medo, então, me fez sofrer E, em desespero, compreender Que ao fogo eterno iria. [Rm 3.20]
4. Ao Filho eterno disse o Pai É tempo de piedade.Salvar meu povo, agora, vai,
Revela a caridade.Ajuda-o para o mal vencer,Esmaga a morte e faze-o ser Feliz na eternidade.
Neste hino, pode-se observar-se claramente a doutrina da justificação pela fé, conforme expressa por John Theodore Mueller:
De acordo com os ensinamentos expressos das Sagradas Escrituras, o crente é justificado somente pela fé (sola fide), sem as obras da Lei. (Rm 3. 28; 4.5; Fp 3.9) A Escritura afirma essa verdade e atribui a justificação diretamente à fé. (Rm 3.21-24) Exclui qualquer obra do ser humano como causa meritória da justificação. (Rm 3.27) A Escritura declara, de modo enfático, que todo aquele que pretende justificar-se pelas obras está debaixo da maldição. (Gl 3.10).
O segundo hino a ser analisado é o que se denomina: “Estes são os santos dez mandamentos”, que data por volta de 1524. E segundo Martin Dreher, era uma tradição na época medieval se pregar sobre os Dez Mandamentos na época da
paixão. Lutero deu continuidade a essa tradição. A finalidade destes era fazer com que o povo aprendesse os Dez Mandamentos com facilidade. Segue um trecho do hino:
1. Estes são os dez mandamentos Os quais nos deu nosso Senhor Deus Por m eio de Moisés, seu fiel servidor, no alto do monte Sinai.Kyrioleis.
2. Somente eu sou teu Deus, o Senhor,Deves confiar-te totalmente a mim. Amar-me do fundo do coração.Kyrioleis.
3. Não usarás para desonra
O nome de Deus, teu Senhor,
Não elogiarás como certo ou bom
Senão o que o próprio Deus diz e faz.
Kyrioleis.
4. Santificarás o sétimo dia,
Para que tu e tua casa possam descansar.
Deixarás teus afazeres,
Para que Deus possa realizar sua obra em ti.
Kyrioleis.
5. Honrarás e obedecerás
A teu pai e a tua mãe.
Servir-lhes-ás sempre que estiver a teu alcance,
E terás vida longa.
Kyrioleis.
6. Não matarás raivoso,
Nem odiarás, nem vingar-te-ás a ti mesmo,
Terás paciência e ânimo manso
E farás o bem também ao inimigo.
Kyrioleis.
7. Manterás puro o teu matrimônio
Que também teu coração não busque outro,
E mantenhas casta a tua vida
Com boa disciplina e moderação.
Kyrioleis.
8. Não furtarás dinheiro nem bens,
Não explorarás o suor e sangue de ninguém.
Deves abrir a tua mão generosamente
Para os pobres na tua terra.
Kyrioleis.
9. Não deves ser testemunha falsa,
Nem mentir para teu próximo.
Deves também salvar a inocência dele
E encobrir sua desonra.
Kyrioleis.
10. A mulher e casa de teu próximo
Não desejarás, nem qualquer propriedade sua.
Hás de desejar-lhe todo o bem,
Como o faz teu coração contigo mesmo.
Kyrioleis.
11. Todos esses mandamentos nos foram dados
Para que o teu pecado, ó filho do homem,
Reconheças e aprendas bem
Como se deve viver diante de Deus.
Kyrioleis.
12. Para tal nos ajude o Senhor Jesus Cristo,
Que se tornou nosso Mediador.
Afinal, o nosso esforço é vão,
Só merecemos a ira.
Kyrioleis.
Os dez mandamentos para o cristão são ferramenta importante de ensino, pois, lá está toda a vontade de Deus e sua lei. Lutero sabia da grande importância dos mesmos para todos os crentes, por isso os transforma em hino. Assim sua compreensão e ensino seriam mais rapidamente difundidos, pois a música é um forte aliado para o ensino da Palavra de Deus.
O próximo hino a ser analisado é: “Agora pedimos ao Espírito Santo” que Lutero sugeriu que poderia ser cantado em sepultamentos. Foi composto numa época muito difícil: os camponeses estavam inquietos e os entusiastas estavam promovendo sua doutrina.
1. Agora pedimos ao Espírito Santo
Principalmente a verdadeira fé,
Para que nos guarde no fim da vida.
Quando voltarmos deste desterro para o lar. Kyrioles.
2. Luz preciosa concede-nos tua claridade,
Ensina-nos a conhecer somente a Jesus Cristo,
Que fiquemos nele, o fiel Salvador
Que nos trouxe para a verdadeira pátria. Kyrioles.
3. O doce amor, concede-nos teu favor,
Faze-nos sentir o ardor do amor,
Que sinceramente nos amemos uns aos outros
E em paz permaneçamos em unanimidade. Kyrioleis.
4. Ó supremo Consolador em toda a aflição,
Dá que não temamos a infância nem a morte,
Que nosso ânimo não desespere,
Sob a ameaça de morte. Kyrioleis.
A letra deste hino nos mostra nossa dependência de Cristo, nos relembra o quão fracos somos, e que o nosso fim é certo, pois, não somos deste mundo, aqui estamos só de passagem. Ela também nos mostra que, se temos vida, devemo-la totalmente a Cristo. E que quando o inimigo nos acusar sob ameaça de morte não nos desesperemos, pois Cristo está conosco.
E provável que este próximo hino a ser analisado, denominado “Nós cremos todos num só Deus”, tenha sido escrito por volta de 1526 em Wittenberg, com o propósito de ser usado no Domingo da Trindade, para ser cantado como forma de confissão de fé. Em 1542, Lutero o inclui entre os hinos a serem cantados nos sepultamentos. Este hino matinha o velho estilo gregoriano dos credos latinos cantados.
Segue a letra deste hino que é uma confissão de fé:
1. Nós cremos todos num só Deus,
Criador do céu e da terra,
Que se fez Pai,
Para que nos tornemos seus filhos.
Ele quer alimentar-nos sempre
E também preservar o corpo e a alma;
Quer impedir toda a desgraça.
Que nenhum mal nos aconteça.
Ele cuida de nós, guarda e vigia,
Tudo depende de seu poder.
2. Cremos também em Jesus Cristo,
Seu Filho e nosso Senhor,
Que está eternamente junto ao Pai,
Deus igual, em poder e glória.
De Maria, a virgem,
Nasceu verdadeiro ser humano
Por meio do Espírito Santo na fé.
Por nós, que estávamos perdidos, morreu na cruz, e da morte
Ressuscitou por intermédio de Deus.
3. Nós cremos no Espírito Santo,
Deus como Pai e o Filho,
Consolador de todos os desalentados,
Que os dota maravilhosamente com seus dons.
A cristandade inteira sobre a terra
Ele mantém em concórdia;
Aqui todos os pecados são perdoados,
E a carne também há de voltar a viver.
Depois deste exílio espera-nos
Uma vida em eternidade.
Lutero versifica o Credo para que possa ser cantado. Expressa a doutrina da Santíssima Trindade, que é a confissão da igreja cristã através dos séculos. Por isso também serviu de confissão de fé na hora de sepultamentos, mostrando que a fé da igreja é uma só e une a todos na Santa Igreja Cristã O próximo hino denominado: “Nosso Deus é refúgio e força” [na tradução do original alemão] baseado no Salmo 46, também é de grande importância para Lutero, pois, este aborda vários aspectos da luta do crente contra o diabo e o mundo, como cita Dreher nas Obras Selecionadas v. 7: “Lutero, de fato, viu toda a sua vida como tempo de luta contra “o velho e malvado inimigo”. Segue o hino:
1. Castelo forte é nosso Deus,
Boa defesa e armamento.
Ele nos livra de toda a aflição
Que agora nos atingiu.
O velho e malvado inimigo
Agora investe para valer,
Grande poder e muito astucia
São seu cruel armamento,
Sobre a terra não existe igual a ele.
2. Com nossa força nada alcançaremos,
Logo estaremos perdidos.
Por nós luta o homem certo,
Que o próprio Deus escolheu.
Perguntas quem é ele?
Seu nome é Jesus Cristo,
O Senhor Zebaote,
E não há de vencer.
3. Ainda que o mundo estivesse cheio de demônios
E nos quisesses devorar,
Não nos apavoremos demais,
Pois venceremos apesar de tudo.
O príncipe deste mundo,
Por mais raivoso que ele se apresente,
Nada nos fará,
Isto porque já está julgado,
Uma palavrinha pode derrubá-lo.
4. A Palavra eles têm de têm de deixar de pé
Mesmo que não o queiram.
Ele está agindo entre nós
Com seu Espírito e dons.
Se nos tirarem corpo,
Bens, honra, filhos e esposa,
Que se vá!
Isso não lhes traz nenhum proveito,
O Reino mesmo assim há de ser nosso.
Este hino relata a natureza pecadora do homem e os ataques que este sofre através do diabo, que não dá trégua, mas, investe com todas as suas forças. No entanto, pela morte de Cristo na cruz foi vencido e derrotado, porém que continua a solta pelo mundo procurando a quem o queira dar ouvidos.
Lutero nos mostra que nossa salvação já esta garantida por Deus, que é nosso Castelo Forte e proteção, contra as investidas do diabo e do mundo que tentam a todo custo desviar os filhos de Deus.
2 LUTERO, A MÚSICA E A EDUCAÇÃO
2.1 APELO DE LUTERO PARA QUE MANTENHAM ESCOLAS
Lutero em seu Escrito “Aos conselhos de Todas as Cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs no ano de 1524 adverte e exorta aos prefeitos e câmaras municipais das cidades da Alemanha para que se dignassem a criar e manter escolas cristãs, assim os exortando amorosamente para que o ouvissem e recebessem o seu escrito com carinho, pois, assim não estariam obedecendo a ele, mas sim a Cristo, e, porém, se o negassem não estariam negando a ele, mas sim ao próprio Cristo conforme Lc. 10.16.
Em primeiro lugar, Lutero constata que em todas as partes da Alemanha as escolas estavam em total abandono. As universidades eram pouco freqüentadas e os conventos estavam em declínio.
Lutero também denuncia que as famílias mandavam seus filhos para os conventos e mosteiros somente para que esses fossem sustentados e alimentados nestes lugares.
Então Lutero diz que os pais visavam somente o “bem estar da barriga” e o alimento material para os filhos e se tivessem tido intenções sérias de
procurar a salvação e a bem aventurança de seus filhos, não desanimariam desta maneira.
Lutero sabia que a juventude seria levada ao caminho da perdição se não fosse regatada rapidamente, pois, os pais não mandavam seus filhos para que aprendessem a Palavra de Deus e se instruíssem por esta Palavra.
Mas para que estes ao adentrarem em conventos, escolas e várias outras instituições que não davam a devida importância para a instrução na Palavra de Deus, os continuassem a ensinar sobre as indulgências, missas aos mortos e várias outras barbaridades que bem conhecemos.
Lutero até chega a citar que cada cidadão ao pensar em conventos, escolas e faculdades deveria ter a seguinte visão:
Até agora dispendeu inutilmente tanto dinheiro e bens com indulgências, missas, vigílias, doações, espólios testamentários, missas anuais pelo falecimento, ordens mendicantes, fraternidades, peregrinações e toda confusão de outras tantas práticas deste tipo; estando agora livres dessa ladroeira e doações para o futuro, pela graça de Deus, que doravante doe, por agradecimento e para a glória de Deus, parte disso para a escola, para educar as pobres crianças, onde está empregado tão bem.
Se não tivesse aparecido essa luz do Evangelho e não o tivesse libertado disso, teria sido obrigado a doar eternamente não menos que dez vezes isto ou mais aos supracitados ladrões, sem recompensa. E que reconheça: se neste ponto houver resistência, queixa, bloqueio e má vontade, seguramente isso é obra do diabo. Quando esse dinheiro era doado para conventos e missas, ele não resistia desta forma, pelo contrário, encaminhava-o para estes fins aos montes. Pois sente que esta obra não é de seu interesse.
Lutero enumera três motivos para que todos os cidadãos olhem para a educação de seus filhos com amor, pois o primeiro motivo é que agora que estes pais e cidadãos estão instruídos pelo Evangelho, estão livres das correntes que a igreja os impunha até agora para com as ofertas para missas, indulgências e tantas outras citadas acima, e que poderiam agora investir em algo que realmente necessitava de auxilio a educação.
O segundo motivo apontado por Lutero para que se mantenham escolas, é que haviam profissionais capacitados na área da educação, mas, não produziam material adequado e voltado para a educação do jovem, o que leva a Lutero a dizer o seguinte:
É bem verdade: se as universidades e conventos continuarem como estão, sem a aplicação de novos métodos de ensino e modos de vida para os jovens, preferiria que nenhum jovem aprendesse qualquer coisa e que ficassem mudos. Pois é minha opinião séria, meu pedido e desejo que essas cocheiras e escolas do diabo mergulhem no abismo ou sejam transformadas em escolas cristãs. Visto, porém, que Deus nos agraciou tão ricamente, concedendo-nos uma grande quantidade de pessoas aptas a instruir e educar maravilhosamente a juventude é necessário que não desperdicemos a graça de Deus e não o deixemos bater em vão às nossas portas. Ele está diante da porta; felizes nós, se lhe abrirmos! Ele nos saúda; bem aventurado quem lhe responder! Se o desprezarmos, de modo que passa adiante, quem o chamará de volta?
O terceiro motivo enumerado por Lutero é, certamente o mais importante, a saber, o próprio mandamento de Deus que estimula e exige com tanta freqüência por meio de Moisés que os pais ensinem os filhos, como também diz o Salmo 78.5s.:
Quanto insistiu com nossos pais que transmitissem aos filhos [SC. Os louvores e as maravilhas do Senhor] e os ensinassem aos filhos dos filhos! Isso o demonstra também o Quarto Mandamento de Deus, onde ordena aos filhos a obediência aos pais com tanto rigor que os filhos desobedientes devem ser inclusive condenados à morte pelo tribunal . Aliás, para que vivemos nós velhos senão para cuidar da juventude, ensinar e educá-la? Pois é totalmente impossível esperar que este povinho louco se instrua e discipline a si mesmo; por isso Deus os confiou a nós,os mais velhos e que sabemos por experiência o que serve para o bem deles, e sem dúvida, exigirá de nós uma prestação de contas severa sobre eles. Por isso também ordena Moisés em Dt 32.7: “Pergunta a teu pai, ele te informará; pergunta aos velhos, eles to dirão”.
Lutero diz que é vergonhoso o fato de ter que lembrar ao povo e aos governantes da época da importância da educação das crianças e jovens, pois, isto deveria fazer parte da natureza humana, o buscar o melhor para os seus. Ele até
cita os animais que, mesmo sendo irracionais, cuidam de suas crias e lhes ensina o que precisam para sobreviver.
Lutero chega a ser até bem enfático, pois, para ele não existe nenhum pecado exterior que pesa tanto sobre o mundo perante Deus e nenhum merece maior castigo do que justamente o pecado que cometemos contra as crianças, quando não as educamos.
Diante de tudo isso que Lutero nos diz sobre a necessidade de se manterem as escolas e universidades, e a realidade enfrentada pelos jovens no quesito educação, sabemos da alta consideração que Lutero tinha pela Teologia e a Palavra de Deus, reflexos disto vemos na importância que este dispensava para com a música no aprendizado das crianças na escola, sabe-se que a música fazia parte do currículo escolar na Idade Média, sendo que esta estava integrada também a Matemática.
Diante desta necessidade visível na área da educação Lutero em um de seus escritos mostra bem especificamente este apreço pela música na instrução das crianças que está registrado no “Aos Conselhos de Todas as Cidades da Alemanha para que criem e mantenham escolas cristãs datado de 1524”:
Se tomamos tanto tempo para ensinar as crianças jogos de tabuleiros, a cantar e dançar, porque não tomamos o mesmo tempo para lhes ensinar a ler e outras disciplinas, visto que são jovens e têm tempo, são capazes e têm vontade? Falo por mim mesmo: se tivesse filhos e tivesse condições, não deveriam aprender apenas as línguas e História, mas também deveriam aprender a cantar e a estudar Música com toda a Matemática.
No dia 26 de Agosto de 1542, Lutero pode realizar este desejo que até então não o pudera realizar. Manda seu filho João à escola aos cuidados de Marcus Cordel sob o seguinte pedido: Estou lhe enviando meu filho João a você a fim de que você possa juntá-lo aos meninos que devem ser treinados na gramática e na
música... E diga a João Walter que eu oro pelo seu bem-estar e que eu confio meu filho a ele para aprender música. Porque é evidente que crio teólogos, mas eu gostaria também de criar gramáticos e músicos.
2.2 A música como agente importante na educação
Ao analisarmos a questão do ensino na época de Lutero, nos é demonstrado à preocupação que tinha para com o futuro do povo num modo geral, o povo não dava o devido valor para as escolas e faculdades, pois, viam como era negligenciada por parte da igreja a possibilidade de participação do povo no meio dentro das igrejas tanto nos cultos como nas decisões que a mesma tomava.
Lutero via que o povo não estava sendo instruído nas verdades bíblicas e estava deixando de lado tanto a participação nos cultos como também a educação dos filhos que estavam sendo levados pela boemia da época, então Lutero vê na música, ou seja, nos hinos e na liturgia o perfeito veículo para dar a instrução para o povo que estava se distanciando de Deus cada vez mais.
Pode-se notar esta a Reforma no campo da música e liturgia no século XVI. Lutero deu novamente ao povo a alegria de cantar, que se perdera com o inicio da idade média, Lutero enalteceu o valor da música tanto para os cristãos em seus cultos divinos, como para seus filhos nas escolas, dizendo que a música ocupa o segundo lugar, vindo logo após a teologia, e deve estar em íntima comunhão com esta.
Enfatizando a música como instrumento de ensino, podemos ver exemplos disto dentro do culto, conforme o Evangelho que se escolhem especialmente os hinos para um determinado domingo, ou conforme o texto e conteúdo do sermão. O caráter da música demonstrará ou traduzira o pensamento dominante do domingo contido no sermão.
Sempre será um hino que fala ao coração, que eleva a alma em adoração na presença de Deus e a anima a apresentar suas súplicas bem como a ação de graça. Pode-se dizer que o hino é “funcional” no sentido de exercer a função estimulante e benéfica no culto e sobre os presentes.
Já na devoção escolar, a função do hino ou da música é didática, pois, transmite instrução nas verdades bíblicas e salvadoras. A devoção da abertura poderá ter caráter próprio, pode também preparar os alunos para a história bíblica do dia ou para o trecho a ser estudado no catecismo. Crianças, despreocupadas por natureza, gostam de cantar, e também gostarão de cantar os lindos hinos e corais de sua igreja.
De grande proveito é ensinar aos alunos o sentido e a beleza dos hinos, da letra, da música, da liturgia, introduzindo-as assim num setor da vida da igreja que também podem e devem apreciar e aproveitar. As crianças também são membros batizados da igreja, com direito de participar de seus bens e bênçãos.
Estes são exemplos da música como meio de ensino em igrejas e escolas paroquiais, citados por WADEWITZ, mas, atualmente vemos que a música tomou outro rumo dentro das escolas, esta se tornou algo que deve ser adequado ao currículo escolar, como uma forma de complemento na formação dos estudantes, porém, continua a ser ensinada aos que a buscam, mas, já não têm o devido valor que tivera.
A lei de número 5.692 de 1972 incorporou a música a um conjunto maior denominado Educação Artística, que abrange: teatro, música, artes plásticas e desenho. Levando assim a uma mutação ou adequação deste veículo de aprendizado tão valorizado na época de Lutero.
A escritora Marieta Nicolau, em seu livro “A educação pré-escolar”, tenta mostrar o valor que a música tem com as seguintes palavras:
Os educadores precisam convencer-se de que a música é um inesgotável benefício para a formação, o desenvolvimento, o equilíbrio da personalidade da criança e do adolescente; o acesso a música constitui-se nas possibilidades de criar, de interpretar ou de ouvir, que podem ser estimuladas, desenvolvidas e educadas”.
Podemos talvez ainda dizer que há duas diferenças básicas entre o ensino da música na educação cristã e nas escolas comuns, dentro das igrejas a música é ensinada como um meio de louvor a Deus, oração, expressão de nossa fé e também de missão, isto é de grande importância no ensino da música a crianças e jovens, pois, o cantar não é somente pular, fazer gestos, dançar, etc.. Neste momento estamos em contato com o nosso Deus.
Sabemos também do lugar que a música têm em nossa cultura e dia a dia, ela tem lugar em nossos cultos, em cerimônias cívicas, em nosso lar e na escola, além também de ser a essência do rádio, da televisão e do cinema.
Segundo João. W. Faustini, todas as pessoas precisam exercer atividades que promovam o desenvolvimento fisico e o bem estar característico da boa saúde mental.
A música contribui muito para o alcance desses fins. No caso do ensino da mesma em um coral, a postura correta, o bom desenvolvimento do tórax e a boa técnica respiratória são sempre enfatizados num bom conjunto coral, e a disciplina
aplicada no aprendizado das notas e valores alcançam muito além da mera execução musical, disciplinando e orientando as vidas. Assim se expressam algumas autoridades no assunto:
Dr. J. H. Moore (médico): “O canto ajuda a desenvolver e fortalecer os pulmões e órgãos respiratórios, e ajuda o corpo inteiro a resistir moléstias.”
Dorothy Bromley (Educadora): “Somente agora estamos aprendendo que a boa musica e o canto ensinados às crianças, enquanto pequenas, têm o poder de modificar o destino de suas vidas.”
J. E. Hoover (criminologia, ex-Diretor do FBI): “A criança que recebe ensino musical e que tem prazer em cantar, jamais cometerá delitos graves. Os que aprendem a tocar piano jamais serão ladrões e os que cantam e manejam o arco do violino jamais manejarão armas”.
Aristóteles (Filósofo 320 A.D): “A música tem tanta relação com a formação do caráter, que é necessário ensiná-la as crianças.”
Shakespeare: “O homem que não possui música no seu próprio ser, é capaz de intriga, de vandalismos e de traição. Não confies nesse homem”.
Beranger: “Os corações estão bem perto de se entenderem quando as vozes se confraternizam”.
Marmontel: “A música é, incontestavelmente, de todas as artes, aquele que reflete de uma maneira mais sensível o grau de desenvolvimento de um povo”.
Lutero: “A música é filha do céu, e o homem que verdadeiramente a ama não pode ter senão bons sentimentos. Eu não tenho consideração alguma por um povo que não saiba cantar. Aqueles que ficam insensíveis à música são corações secos, que só posso comparar com pedaços de rocha ou de madeira”.
A música pode ser considerada como excelente válvula de escape para o homem se expressar tanto individualmente como em grupo. Através do canto as pessoas não somente expressam o que estão sentindo como também colocam pra fora todos os sentimentos de frustração, tão comuns na sociedade moderna.
A música tem sido usada em hospitais, clinicas e sanatórios. Seus efeitos benéficos como coadjuvante na cura, têm se tornado cada vez mais reconhecido e apreciado por toda a parte. O educador musical encara a participação musical, entretanto, mais como higiene mental e como preventivo, e não como remédio completo propriamente.
Aqui a música tanto dentro da comunidade cristã como da comunidade em geral, auxilia na educação da criança e do adolescente como também de toda a comunidade, mostrando assim a igreja que canta sua fé para todo o mundo, mas, não tomando o lugar da pregação do Evangelho e a administração da Ceia do Senhor, e sim a complementando e conduzindo o crente dentro do culto embelezando ainda mais a este.
3. A MÚSICA HOJE
3.1 A música como sinal de continuidade com toda a Igreja
Os hinos e a música cristã ligam o passado com o presente quando cantamos os mesmo hinos cantados na época de Lutero ou até antes. Neste sentido Lutero via uma continuidade dentro da igreja na questão da música.
Carl, F. Schalck tenta demonstrar em cinco pontos que a música é um meio de continuidade e ligação da igreja do passado com a do presente, que são os seguintes:
1. Lutero expressou seu agradecimento à tradição musical sacra, utilizando assim a herança musical antiga nos cultos.
2. Lutero também enfatiza que é perigoso tentarmos seguir nossos próprios caminhos na área da música sacra e do culto. Fazemos parte da Igreja universal e ao aceitarmos a herança musical que vem bem antes de Lutero e a reforma nos liga aos cristãos de outros tempos e lugares.
3. O fato de nós cristãos termos trabalhado e mantido relações com cristãos de todo o mundo enfatiza que temos um ponto
em comum no que diz respeito ao culto e a música, pois, concordamos e partilhamos da mesma idéia e crença naquilo que fazemos. Um exemplo disto é o desenvolvimento de um lecionário formas de culto e num corpo de hinódia comuns, tudo isto demonstrando o benefício de tal continuidade no desenvolvimento da música com estes irmãos cristãos de outras comunhões. Há uma troca mútua de informações e conhecimento.
4. Devemos nos lembrar também que não é devido a novas formas musicais e aperfeiçoamento no fazer música que devemos nos esquecer ou desprezar o passado, “Por isso confessamos em primeiro lugar que nem agora nem jamais foi nossa intenção abolir totalmente todo o culto a Deus, mas apenas purificar esse que está em uso, que está viciado pelos piores acréscimos (DREHER, pg. 157. 2000).
5. A continuidade do ensino dentro da igreja no campo do culto e música é muito importante para os anos que virão, pois, a música na atualidade está em constante mudança, não sabemos aonde vai parar este caminho, mas temos que nos moldar as novidades sem perder de foco o centro de todo o ensino que é a Palavra de Deus, e continuar a utilizar este importante veículo que é a música para o ensino de todas as pessoas sobre Cristo.
A música sacra carrega em si o Evangelho de Cristo, que é levado a todas as nações através do louvor seja dentro das igrejas entre os cristãos, seja nos lares
entre a família. A música sacra que despertou tanto interesse em Lutero, é um convite para nós hoje que cantamos estes mesmos hinos afirmando a mesma fé que os cristãos do passado tinham e defendiam. Também ensinamos estas mesmas canções aos nossos filhos e a toda a igreja assim como Lutero ensinava em sua época.
Utilizemos bem este recurso tão precioso para levar o evangelho e educar cristamente a todos os que não conhecem a Cristo e a sua obra salvadora.
CONCLUSÃO
A música tanto nos dias de Lutero como atualmente, têm seu devido valor. As crianças aprendem mais facilmente através da música, se relacionam melhor brincando com a música. Já o apóstolo Paulo sabia da eficácia da música no ensino cristão quando escreveu aos colossenses: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Cl 3.16).
Não podemos deixar de sinalizar que a música sacra na época de Lutero tinha um público diferente e propósitos diferentes: ela visava o ensino da palavra de Deus para um povo que não estava sendo instruído nesta palavra. Lutero pretendia transmitir em seus hinos a teologia, o consolo que o Evangelho poderia dar aos aflitos pelos seus pecados. E estes mesmos hinos cantados na época da reforma, ainda hoje podem transmitir este propósito, por isso continuam sendo utilizados.
Os hinos e a liturgia luterana refletem a identidade desta igreja. Aliás, a Igreja Luterana tem sido reconhecida como “a igreja que canta”. E o canto, utilizado por séculos como instrumento de ensino, continua com seu poder de incutir nas mentes as verdades que estão expressas nas letras que se cantam. Por isso a igreja de hoje, tomando como exemplo os séculos passados de ensino não pode se furtar a continuar a utilizar esta ferramenta de ensino na sua tarefa de incutir no povo as verdades bíblicas.
REFERÊNCIAS
BAINTON, Roland. Here I Stand: A Life of Martin Luther. New York and Nashville: Abingdon-Cokesbury, 1950.
BÍBLIA. Português. A Bíblia Sagrada: antigo e novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2. Ed. rev. atual. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
BÍBLIA. Português. A Bíblia Sagrada: antigo e novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Nova Tradução na Linguagem de hoje. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
BRITO, Teca Alencar. Música na educação infantil. Editora Peirópolis
DREHER, Martin N. in Obras Selecionadas – Martinho Lutero, v.7. São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 2000.
FAUSTINI, João. F. Música e Adoração. Imprensa Metodista. 1973.
FIFE, Robert Herndon. Young Luther. New York: The Macmillan Company, 1928. FREDERICO, Denise de Souza. A Música na Igreja Evangélica Brasileira: Rio de Janeiro: MK Ed., 2007.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico: Explicação das Normas da ABNT, Porto Alegre: s.n. 15. Ed., 2009.
HINÁRIO Luterano, 13. Ed. Porto Alegre: Concórdia, 2003, nº 376.
HASSE, R F. Frei Martinho Restaurador da Verdade, Porto Alegre: Rio Grande do Sul: Casa Publicadora Concórdia, 2ª. Ed.
JEANDOT, Nicole. Explorando o Universo da Música. Editora Scipcione
JUST, Gustav. Deus Despertou Lutero, Tradução de Gastão Thomé. Porto Alegre: Editora Concórdia, 2ª. Ed. 2003.
KARNOPP, David. Música e Igreja: Aspectos Relevantes da Música Sacra na História do Povo de Deus, Passo Fundo: Rio Grande do Sul: Gráfica e Editora Pe. Berthier. 1ª Ed. 1999.
KARNOPP, David. A Dinâmica do Culto Cristão origem, prática e simbologia, Porto Alegre: Rio Grande do Sul: Editora Concórdia, 1ª. Ed. 2003.
LANG, Paul Henry. Music in Western Civilization. New York: W. W. Norton & Co., Inc., 1941.
LIVRO DE CONCÓRDIA. As Confissões da Igreja Evangélica Luterana, São Leopoldo: Sinodal; Porto Alegre: Concórdia, 4. Ed., 1993.
LUTHER, Martin. Luther´s Works.Vol. 50, Letters. Edited by Gootfried. G. KRODEL. Philadelphia: Fortress Press, 1975.
MUELLER, John Theodore. Dogmática Cristã. 4ª. Ed., ver. E ampl. Porto Alegre-Concórdia 2004.
NETTL, Paul. Luther and Music, Philadelphia: EUA: The Muhlenberg Press. 1948.
NICOLAU, Marieta L.M. A Educação Pré-Escolar. São Paulo, Atica, 1987.
RHAU, Jorge. In Obras de Lutero, Ed. Americana. Philadelphia e St. Louis: Fortress and Concordia, 1995, v. 53.
SCHALK, Carl F. Lutero e a música: Paradigmas de louvor. São Leopoldo: Editora Sinodal. 1998.
WA TR – (Tischreden) conversas a mesa: WA TR 5,274,11, nº 5603
WHITE, James F. Introdução Ao Culto Cristão, São Leopoldo: Rio Grande do Sul: Editora Sinodal, 1997.
WADEWITZ, W. K. A Importância da Música na Igreja e na Escola. Igreja Luterana. Porto Alegre, Concórdia, 1958(5).
Nenhum comentário:
Postar um comentário